Nova novela global atropela sutilezas e dissimulações; na lata, logotipo da trama das sete da noite destaca números e letras que formam 40, na primeira linha, e 45, na segunda (acima); são as identificações eleitorais, na vida real, de Eduardo Campos, do PSB, e de Aécio Neves, do PSDB; produto é veiculado imediatamente antes do Jornal Nacional e ficará no ar pelos próximos meses; no ano eleitoral de 2014, emissora de João Roberto e seus dois irmãos Marinho acentua parcialidade histórica de antena amiga dos militares (1964-1985), patrocinadora do escândalo Proconsult (1982) e organizadora do ardiloso debate Collor X Lula (1989); Vale Tudo, como dizia a novela que imortalizou a vilã Odete Roitman, em 1988.
Às favas com sutilezas e dissimulações. Na nova novela das sete da noite, que 'entrega' audiência para o Jornal Nacional, principal produto editorial da emissora dos três Marinho, só não vê quem não quer. Numa mistura de letras e números, como códigos de computadores, o logotipo de Geração Brasil destaca de maneira pouco disfarçada os números 40, na primeira linha, e 45, na segunda. São também esses os números que estarão nas urnas eletrônicas de outubro identificando, respectivamente, os candidatos Eduardo Campos, do PSB, e Aécio Neves, do PSDB. Coincidência? A julgar pelo histórico de parcialidade política da Globo, não.
A mensagem subliminar a favor do 40 e do 45 se dá à frente de uma trama em torno de um brasileiro que fez fama e fortuna nos Estados Unidos no sofisticado ramo da tecnologia de computadores. É fácil entender porque o logotipo da novela contém elementos alfanuméricos, assim como são os códigos dos computadores, mas a questão está no resultado dessa mistura.
Entre as infinitas combinações que poderiam ser feitas nas duas palavras Geração Brasil, escolheu-se as que permitem ler 40 e 45. Não há chance de se enxergar, por exemplo, um 13 ali, o número do PT. Ou um 15, que representa o PMDB. Também não dá para ver o 11 do PP ou o 55 do PSD. Mas o 40 e o 45 estão lá.
Em qualquer outra emissora, a, digamos, coincidência poderia passar batido. Tome-se, por exemplo, a Rede Bandeirantes. Desde 1989, a emissora da família Saad promove debates presidenciais, mas nenhum deles foi acusado de ter ardis contra candidatos.
Já na Globo de João Roberto Marinho e seus dois irmãos é diferente. No limiar da redemocratização, também em 1989, no debate entre os então presidenciáveis Fernando Collor e Lula, já em pleno segundo turno, o primeiro entrou com uma pasta que escondia papéis sem valor. Mas brilhou no ar global como se contivesse um dossiê contra Lula. No dia seguinte, a edição do Jornal Nacional entrou para a história pela edição do debate, francamente desfavorável a Lula. Em suas memórias, o então chefão global Boni admitiu, divertindo-se, que muito fora feito nos bastidores para prejudicar o postulante do PT.
Antes, em 1982, quando o adversário político dos Marinho, no Rio de Janeiro, era o então candidato a governador Leonel Brizola, a emissora contratou a consultoria Proconsult para realizar uma apuração paralela à oficial. Enquanto as urnas deram a vitória a Brizola, a Proconsult tudo fez para que os resultados de sua contagem apontassem outro vencedor. Mas deu errado.
Para quaisquer outras dúvidas a respeito do DNA ideológico da Globo, basta lembrar que a emissora nasceu e floresceu durante e à sombra da ditadura militar. Agora, em tempos de democracia, as preferências globais se mostram de outra maneira – de reportagens especiais no Jornal Nacional até o pensamento único que alinha seus comentaristas, passando também, ao que se vê, pelo logotipo de Geração Brasil.
Brasil 247
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