O ex-governador Wilson Martins tem peito. Como médico, os dois filhos médicos e a esposa – feita conselheira do Tribunal de Contas no seu governo – enfermeira (com especialidade em Administração Hospitalar pela Gama Filho/RJ), só durante o mandato foi construído o Hospital familiar.
Prédio de cinco andares, estética moderna e no centro da capital, é obra de tubarão, mas dizem que caro mesmo são os custos dos aparelhos e instrumentos médicos instalados na unidade de saúde por serem de alta complexidade e resolutividade para a clientela (pacientes) que procurar os seus serviços.
Certa vez questionado, ele disse que o Hospital foi investimento de empréstimos bancários e que pertence a seus filhos. Não importa. A controvérsia é que foi construído no decorrer da sua governança. Por que só governador foi contraído o empréstimo?
Os filhos são jovens médicos e ainda tem deles estudando em São Paulo, ao passo que os pais estão na área clínica-médica há muito tempo, e por que não construíram o Hospital antes? Por que o crédito só saiu quando ocupante do Palácio de Karnak? Na República, governador é assalariado e reprova moralmente qualquer proteção familiar ou prática de nepotismo.
Mas com o histórico de nomear a esposa para a Secretaria da Saúde, período em que os dois filhos médicos foram aprovados em concurso do mesmo órgão, seria de bom alvitre o deputado Cícero Magalhães requerer na Assembleia que os proprietários apresentem o contrato do empréstimo sobre o custo do empreendimento (parte física e equipamentos), a forma do pagamento, a garantia ou previsão do faturamento sobre a amortização do débito (contrato privado, mas da época da gestão, é questão de ética), pois deve constar no acordo entre as partes como medida de segurança do negócio.
Hospital particular à parte, não fez as obras estruturantes que poderiam alavancar o desenvolvimento do Piauí, como o Porto de Luís Correia, que está paralisado por não possuir o estudo do Impacto Ambiental (Setrans), e de agá criou na saída do governo a Companhia de Terminais Alfandegários do Piauí (Porto-PI).
A Barragem de Castelo, projetada para perenizar o Rio Poti, podendo controlar as cheias em Teresina e ainda disponibilizar 40 mil hectares de terra para agricultura irrigada, mas que nunca saiu do papel, pois o edital foi barrado pelo TCU por se achar eivado de vícios no nascedouro.
A Barragem de Milagres a ser construída no rio São Nicolau teve a concorrência anulada pelo TCU pela caducidade. E a Barragem Nova Algodões a ser construída em substituição a Barragem Algodões, que rompeu em maio de 2009 deixando um rastro de mortes e destruição. Além de outras obras prometidas e não concluídas, como:
A Ponte de Luzilândia, sobre o rio Parnaíba, ligando a grande região produtora do Piauí e do Maranhão. O Rodoanel de Teresina, contorno rodoviário para desafogar o tráfego da capital, obra paralisada. O Novo Centro de Convenções de Teresina, obra de grande porte anunciada para ser construída nas proximidades do Parque de Exposição, na BR-343, que sequer possui o projeto arquitetônico.
A Duplicação da BR-342 e BR-316, trechos rodoviários a serem duplicados no perímetro urbano de Teresina, inclusive com a construção do viaduto no Balão da Tabuleta (que está apenas no tapume). A duplicação se encontra praticamente paralisada e que representa uma obra símbolo da disfunção pública por ser custeada com recursos de empréstimos em vez de verbas do governo federal.
Além do Porto Seco de Teresina, que tem a função de fornecer suporte logístico às importações e exportações dos comerciantes locais, que ficou só na promessa. A Nova Maternidade de Teresina, amplamente anunciada que seria construída, virou fumaça. O Liceu Piauiense, primeira instituição de ensino do Piauí, fundado em 1845, na ex-capital Oeiras, e que se transferiu para Teresina em 1853. Orgulho de gerações piauienses e encontra-se fechado para reforma. O atual governo destinou emergencialmente R$ 3,5 milhões para conclusão dos serviços e reabertura do Colégio.
A pavimentação asfáltica da Transcerrados para escoamento da produção de grãos dos cerrados piauienses, com extensão de 320 km, apenas os primeiros 25 km foram executados. E a fábrica Suzano Celulose desistiu do Piauí por falta de apoio logístico do governo, que geraria 15 mil empregos diretos e indiretos. Apesar dos empréstimos do governo Wilson Martins e de anunciar que o governo estava com folga de caixa, o que se revelou foi que a governança piauiense estava no limite da Lei de Responsabilidade Fiscal e por isso o atual governante foi obrigado a adotar drásticos cortes nos gastos públicos para manter a máquina em funcionamento.
A mídia nacional mostrou em reportagens o caos que se tornaram os serviços de emergência na capital, como o Hospital HUT, com capacidade de atendimento esgotada e o Estado não investiu no suporte de retaguarda para desafogar os seus serviços. Tal precariedade ocorre também nas unidades de saúde públicas do interior do Piauí. Nesse sentido, noticiou o jornalista Zózimo Tavares no Jornal Diário do Povo, de 21 de maio de 2014, no tópico “Olho vivo” da sua Coluna: “Quando tomou posse para o segundo mandato, o governador Wilson Martins afirmou que gostaria de ficar conhecido como o governante que recuperou a saúde do Piauí. Uma pesquisa recém-divulgada aponta que a saúde é o problema número 1 do Piauí. Barbas de molho, Wilson Martins!”.
Mas a calorosa discussão dos piauienses é saber se vai abrir as portas do Hospital agora ou só depois de 5 outubro de 2014. A meu ver, por ser peitudo, e quem não deve não teme, a unidade-médico-hospitalar será inaugurada antes do pleito eleitoral, porque meses sem funcionar causarão enormes prejuízos financeiros ao negócio, além de privar alguns enfermos dos seus serviços, e ainda ficar a pecha de que temeu os comentários desairosos que costumeiramente geram em torno de empreitada dessa natureza.
Por: Deusval Lacerda de Moraes
Pós-Graduado em Direito
Caçando Conversa
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