Tsunamis podem ocorrer no Brasil
Eu sei que isso foi algo que já foi muito divulgado quando ocorreu o Tsunami na Indonésia. Mas uma notícia veiculada na imprensa de Cabo Verde mencionando atividades vulcânicas me chamou a atenção.
Estamos preparados para as ondas assassinas? Hora de fazermos a lição de casa.
Deu no Visão News, um veículo lusófono sediado nos EUA e que veicula, principalmente, notícias de Cabo Verde (um arquipélago no Atlântico a noroeste do continente africano): erupção submarina pode criar nova ilha oceânica perto de Cabo Verde.
A notícia dá conta que um estudo do Instituto Leibniz, na Alemanha, diz que uma erupção vulcânica submarina, perto da ilha do Fogo, em Cabo Verde, pode dar lugar a uma nova ilha oceânica.
O estudo seria publicado na terça-feira, 16 de Fevereiro, pelo Geophysical Journal International, e é assinado por I. Grevemeyer e outros estudiosos.
O levantamento revelou que foram registrados vários tremores na região da montanha submarina Cadamosto, localizada a sudoeste da ilha do Fogo. E que os movimentos mais recentes ocorreram em 1998 e 2004. A pesquisa não dá nenhuma estimativa sobre quando ocorrerá o próximo evento, contudo, a reportagem lembra que a atividade vulcânica submarina pode dar origem a tsunamis.
Apesar do tremor em Cabo Verde de 2004 não ter sido notável, em 26 de Dezembro do mesmo ano, um maremoto provocou o tsunami do Oceano Índico que deixou mais de 285 mil vítimas.
No dia seguinte à publicação da notícia, que pelo jeito causou certa agitação no arquipélago, o pesquisador do Instituto Nacional de Meteorologia e Geofísica de Cabo Verde, Bruno Faria, tratou de acalmar a população declarando que a possibilidade de ocorrência de um tsunami nas ilhas é remota.
O primeiro-ministro cabo-verdiano, José Maria Neves, garantiu que o governo desconhecia o estudo do instituto alemão. Entretanto, José Maria confirmou que, depois da notícia, deu orientações no sentido de serem feitos os estudos e de se identificar a origem das informações para se fazer o devido acompanhamento.
Não muito distante dali, outro arquipélago já é observado por cientista devido ao potencial destrutivo também ligado à tsunamis.
Em 2001, cientistas alertaram para a real possibilidade de um mega tsunami gerado por uma futura erupção do instável vulcão Cumbre Vieja em La Palma (ilha que compõe as Ilhas Canárias) poderia causar um imenso deslizamento de terra para dentro do mar. Nesse cenário, após o deslizamento a metade oeste da ilha (pesando cerca de 500 bilhões de toneladas) iria escorrer para dentro do Oceano Atlântico.
Esse deslizamento causaria uma megatsunami de cem metros que devastaria a costa da África noroeste, com uma tsunami de trinta a cinqüenta metros alcançando a costa leste da América do Norte muitas horas depois, causando devastação costeira em massa e provavelmente a morte de milhões de pessoas.
Segundo Bill McGuire, diretor do Centro de Pesquisa de Riscos Benfield Grieg, da University College of London, é possível que essas ondas gigantes venham atingir o norte e o nordeste brasileiro.
Ondas de 4 a 18 metros iriam atingir do Pará à Paraíba. A ilha de Fernando de Noronha seria um dos locais onde a tsunami chegariam com mais força no Atlântico Sul.
"A parte mais alta de Belém tem só 30 metros de altura. O famoso Mercado Ver-O-Peso, por exemplo, ficaria encoberto por água".
José Geraldo Alves. Centro de geociências da Universidade Federal do Pará
Esse fato preocupa pela ausência de um sistema de detecção de tsunamis capaz de dar algum tipo de aviso com alguns minutos de antecedência, caso venha ocorrer o desastre natural.
O caso da menina inglesa Tilly é um exemplo de como a educação e as campanhas podem ajudar a minimizar perdas humanas e aumentar as chances de sobrevivência da população, em caso de desastres. Em 2004, Tilly tinha 10 anos de idade e consta que tenha salvo a vida de cerca de 100 pessoas na ilha de Phuket, na Tailândia.
Tilly previu que um tsunami estava preste a atingir o litoral da Tailândia ao se lembrar de uma aula de geografia.
"Estava na praia e a água voltou estranha, havia borbulhas. De repente, o mar começou a recuar. Compreendi o que estava ocorrendo, tive a sensação de que ia haver um tsunami e avisei a minha mãe", disse a menina ao jornal "The Sun". Foi essa percepção que fez com que se retirasse as pessoas da praia e do hotel vizinho antes da chegada da onda gigante.
Andrew Kearnay, o professor de Tilly em Oxshott, no condado de Surrey (sul da Inglaterra), confirmou ao jornal que havia explicado a seus alunos que, a partir do momento que o mar recuasse, haveria 10 minutos para reagir antes da chegada do tsunami.
Nos EUA, além de estarem monitorando constantemente o oceano, através do Centro de Alerta de Tsunami do Pacífico, algumas localidades, como a cidade de San Diego na Califórnia, fazem campanhas de conscientização para a população como a que pode ser vista no vídeo abaixo.
A ONU, através do ISDR (International Strategy for Disasters Reduction), disponibilizou jogos educativos on-line, no estilo SimCity, para a prevenção de desastres naturais, entre eles os Tsunamis. Você pode jogar para testar seu desempenho na prevenção de tragédias jogando o Stop Disasters! Disponível em vários idiomas (menos em português, é claro :-P).
Não é possível determinar quando essas catástrofes ocorrerão, mas muitos cientistas acreditam que pode ser a qualquer momento ou daqui a séculos. A vulcanologia não é uma ciência exata. Infelizmente. A única coisa que podemos efetivamente fazer hoje é nos prepararmos com tecnologia e políticas de defesa civil.
Sensores marítimos de alerta monitorados remotamente por satélites e programas de evacuação de áreas potencialmente em risco já seria um bom começo.
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