segunda-feira, 22 de março de 2010

Justiça do homens

“Perdoai nossa ofensas assim com perdoamos aos quem nos tens ofendido”. Deve
ter sido a inspiração dos legisladores, quando decidiram que os magistrados envolvidos em crimes seriam “punidos” com a aposentadoria compulsória. Os
15 integrantes do CNJ (Conselho Nacional de Justiça) decidiram seguir o voto
do relator Yves Gandra, que levou em conta o parecer do procurador-geral da
República, Roberto Gurgel, para que os magistrados sejam punidos com a
aposentadoria compulsória. Noticiado em mídia nacional, tal fato ocorreu no
estado do Mato Grosso.
Isto equivale a R$ 255,6 mil reais ano ou R$ 21,3 mil por mês. Bem os dez
magistrados que desrespeitaram o patrimônio da população serão condenados a
receber dos contribuintes uma simbólica quantia de dois milhões quinhentos e
cinqüenta e seis mil reais. Agora sem fazer nada. Para os punidos, se
considerarmos que ganham o salário médio de um Juiz. Se os dez apenados,
conseguirem sobreviver a esta terrível condenação, por apenas vinte anos,
receberão em termos atuais; 51.120.000,00 ( cinqüenta e um milhões cento e
vinte mil reais). Será que eles trabalhando não desviariam menos? Mas a
conta ficará maior, pois terá que ser contratados substitutos para o
exercício desta nobre atividade. Bem, peço desculpas por meus
desconhecimentos na matéria judiciária, entretanto como cidadão, exercer o
direito de refletir sobre tais fatos, parece salutar. Não gostaria que
nossas reflexões limitassem apenas ao campo material e financeiro. Entender
a ética a moral e os costumes além da espiritualidade dos homens podem
produzir efeitos positivos em nossos destinos. Os impérios que n antecederam construíram o mundo que herdamos. Nossas leis protecionistas e
ultrapassadas que beneficiam a poucos não mudam? Na contramão a justiça pune
com dispositivos modernos o pai que repreende com rigor seu filho que desvia
dos costumes. Este garoto bem tratado e exemplarmente protegido pela lei não
será aposentado de forma compulsória e por forças das leis? Condena-se uma
avó a sustentar dois ou três netos com uma aposentadoria equivalente ao
salário mínimo após seus trinta anos de trabalho. Condenam-se pais à prisão
por não pagar uma pensão judicialmente imputada, mesmo que o miserável
esteja desempregado, pois cometeu o bárbaro crime da procriação mal
planejada. Sem falar nos condenados a cumprir pena nas filas do
desemprego. “ O homem justo não é o que não comete nenhuma injustiça, mas
aquele que, podendo ser injusto, não o quer ser”. (Mandro). Nosso modelos de
vida material tem nos permitido fechar os olhos para questões que parece
passar ao largo. “ Não desprezes o homem justo, ainda que pobre; não
enalteças um pecador, ainda que rico, Homens livres serão os súditos de umRepreendido, o homem prudente e bem educado não murmura, e
o ignorante não será honrado. Faze o bem ao homem humilde, e nada dês ao
ímpio; impede que se lhe dê pão, para não suceder que ele se torne maispoderoso do que tu. “Pois acharás um duplo mal em todo o bem que lhe
fizeres, porque o próprio Altíssimo abomina os pecadores, e exerce vingança
sobre os ímpios”. (Eclesiástico 12 v- 6,7). Fatos desta proporção fogem a
minha ignorante compreensão, daí compartilhar. Estes frágeis momentos que me
ponho a pensar quais os rumos.

Quais legados podemos deixar para
nossas futuras gerações? Receio que nossos descendentes queiram ser
compulsoriamente aposentados, perdendo a sensatez e os próprios princípios
de Deus. Uma revisão em nossos princípios e costumes, já que não posso falar
das leis, não seria uma luz no fim do túnel? A emoção de compartilhar
pensamentos convergentes e divergentes produz motivação para uma construção
saudável. “ A nossa missão não é julgar o que é justo ou injusto: é apenas
ajudar”. (Teresa de Calcutá)

Dr. JOSÉ OSVALDO ( MÉDICO ORTOPEDISTA)

Nenhum comentário:

Related Posts Plugin for WordPress, Blogger...