A criação do caranguejo, segundo uma lenda Tremembé.
Diz uma velha lenda do povo tremembé (primeiros habitantes da região do delta do Parnaíba) que o caranguejo era um belo príncipe indígena chamado Lupã, que costumava se entregar à luxúria e aos prazeres da carne.
Um dia, a Deusa do Amor o fez apaixonar-se por uma linda índia chamada Yaramey que também o amava. Lupã, no entanto, prosseguiu com sua vida libidinosa, e Yaramey preferiu dar cabo de sua própria vida a ter de aceitar a infidelidade de seu amado. Ela subiu no galho mais alto de uma grande Risophora (árvore abundante no mangue), à margem do rio, e de lá atirou-se na lama do manguezal, de onde nunca mais emergiu.
O belo príncipe Lupã, até então carente de princípios, ao saber da morte de sua amada, arrependeu-se de todo sofrimento que lhe causara e pediu à Deusa do Amor que lhe desse os meios para procurar Yaramey.
A Deusa, então, atendeu seu pedido e o transformou no primeiro caranguejo do delta, passando Lupã a viver somente da lembrança de sua amada, alimentando-se das folhas da Risophora e cavando buracos na lama, numa busca incessante, com o único objetivo de reencontrar seu grande amor.
Finalmente, para nunca se esquecer da imagem nua do lindo corpo de Yaramey, Lupã resolveu tatuá-lo em sua própria carapaça. Essa figura se perpetuou através de todas as gerações posteriores e a vemos até hoje nos caranguejos machos.
Da redação do Jornal da Parnaíba | Fonte: Jornal Pequeno
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