terça-feira, 30 de julho de 2013

As férias de julho, os turistas e as moças velhas


Por:Antônio de Pádua Marques(*)
Pelo tempo em que se ouve falar de desenvolvimento do turismo no Piauí já era tempo de se ter aprendido e até estar ensinando pra aqueles que nunca ouviram ou viram falar desse bicho, desse negócio. Porque pelo adiantado do tempo e da hora, ou aprender a fazer turismo é impossível ou é, como se dizia no meu tempo com a matemática, “é bicho difícil de entrar na minha cabeça”, sem a menor condição de dar certo. Porque certo mesmo é que terminou o mês de julho e o muito prometido pelo governo sobre uma programação ficou naquela do “ninguém sabe e ninguém viu”.
Não é difícil de entender a causa de muitos, mas muitos mesmos, vizinhos da Parnaíba terem se mandando neste último período pra outras regiões até mais distantes, mas que oferecem maior nível de conforto e diversidade nesta temporada de meio de ano. Porque se depende de programação oficial, dessas feitas dentro de gabinete de governo,o turismo e seus atrativos nunca vão sair do peixe frito com feijão misturado com arroz na beira da praia. Porque a uma altura dessas, falar de camarão é igual ofender a mãe.
Não entra na cabeça de ninguém o Piauí, com todos os atrativos naturais de beira de mar, estar ainda, como se dizia no meu tempo de menino de calças curtas, na cartilha do abc quando se fala de turismo. É uma falta de criatividade sem tamanho, uma mesquinhez, uma improvisação. E tudo isso faz com que mais dia menos dia a gente fique atrasado a ponto de cidades bem menores, dentro no Nordeste nos passarem em ofertas de atrativos turísticos. Cidades minúsculas, muitas até do tamanho de bairros de Parnaíba.
Eu só queria entender porque o turismo como negócio não dá sinais de progresso nessa região do Brasil. E olhe que tem estado vizinho nosso onde esta atividade já está se saturando. Nem mesmo essa circunstância dá sinais de que a coisa está mudando pelo lado de cá. Por que o Piauí, dentro do Nordeste, cercado e coberto por malha viária, seja aérea ou terrestre, coberto por linhas de comunicação, inclusive as mais modernas, não dá sinais de que quer sair do atraso? Que diabos será isso, meu Deus do Céu? Será que nós somos a raça escolhida pra suportar este peso do atraso pelo resto da vida? Que mal nós devemos ter feito de tão grave?
Porque anos e anos se passam e nós estamos sem norte, sem expectativa, sem ambição para alcançarmos um degrau sequer de progresso. E olhe que rodeados de outros estados, economias mais fortes, dinamismo, índices de desenvolvimento humano e outros tantos elementos. Passou o mês todinho e nós aqui, esperando que alguém viesse trazer uma notícia boa, nos acenasse com a possibilidade de que o turismo iria chegar com todas as suas características como, maior população visitante, entrada de capital em todos os setores da atividade e por aí vai.
Ao que parece ainda não será dessa vez que a atividade turística vai dar sinais de por aqui tentar uma vaga em alguma pousada. Porque o próprio governo não tem conhecimento do que seja esta atividade. Ou não tem conhecimento ou não tem vontade política. Ou ainda as duas coisas juntas. Porque nós estamos cansados de passar vergonha com nossos amigos, parentes, convidados e até convidados de nossos parentes que moram fora e que de tanto ouvirem falar do delta do Parnaíba e as praias aguçam a curiosidade de conhecer este tal de Piauí. Mas está difícil.
Porque o Piauí como produto turístico ficou difícil de vender. Ora, se ficou difícil de vender de porta em porta, em casa de parentes e conhecidos, de forma doméstica, quase artesanal, assim como quem vende tapioca, imagine no alto varejo e no atacado. Eita só que mercadoria ruim! Igual melancia, que quem compra quer ver como está dentro! E a gente que muitas das vezes tem que ciceronear este ou aquele amigo e os amigos de nossos amigos ou parentes, acaba passando vergonha. Isso pra quem tem porque pra quem não tem é mesmo que nada.
Porque mais um mês de julho acabou e a tal prometida programação, o tal calendário de atividades turísticas ninguém sabe e ninguém viu. Igual cabeça de bacalhau, que a gente ouviu falar, sabe que existe, mesmo porque não existe peixe sem cabeça! A continuar desse jeito a coisa vai continuar pior do que está. Porque os vizinhos estão se virando do jeito que dá para se virar. Estão dando um jeitinho de sair da idade da pedra.
A Parnaíba, Luiz Correia, Ilha Grande e Cajueiro da Praia estão feito aquelas moças que de tanto guardarem a virgindade pra um príncipe encantado acabam ficando velhas e feias. Acabam ficando moças velhas.
Antonio de Pádua Marques é jornalista e escritor.(*)

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