quinta-feira, 16 de março de 2017

Mulheres reagem à declaração de Maia sobre idade igual para aposentadoria

Após o presidente da Câmara dos Deputados, Rodrigo Maia (DEM-RJ), afirmar que a medida de idade mínima igual para homens e mulheres na reforma da Previdência é um pleito feminista, grupos e figuras ligadas à luta pela igualdade se opuseram ao argumento do político. A deputada Erika Kokay (PT-DF) publicou, na sua página do Facebook, uma nota de repúdio ao colega de Casa: ela chamou Maia de “cara de pau” e acrescentou que “igualdade é dar tratamento diferenciado para os desiguais”. No entanto, a publicação foi deletada menos de duas horas depois.
Nana Queiroz, editora da revista AzMina, publicação online e gratuita voltada para os direitos das mulheres, ressaltou as desigualdades que ainda existem no mercado de trabalho e na distribuição do serviço doméstico como um contra-argumento para o deputado. “Quando nossos salários não forem 30% a menos para a mesma função, então poderemos falar de equiparar a previdência como uma medida de justiça de gênero”, explica. Além disso, a jornalista e escritora acredita que, por enquanto, a igualação da idade mínima para a aposentadoria é mais um fator que acentua as desigualdades no mercado de trabalho.

Foto: DIDA SAMPAIO/ESTADÃO CONTEÚDO
“A afirmação do deputado Rodrigo Maia de que a equiparação da idade de aposentadoria e do tempo de contribuição entre homens e mulheres atende a um pleito dos movimentos feministas é falaciosa”, adverte Natália Mori, assessora técnica do Centro Feminista de Estudos e Assessoria (CFEMEA), organização sem fins lucrativos e com sede em Brasília. A representante da instituição reforçou o argumento reforçou o argumento de que ainda há grandes desigualdades no mercado; para ela, o diferencial de tempo de contribuição e idade de aposentadoria é o único mecanismo a reconhecer a divisão sexual do trabalho.
Em números
Na semana passada, o Instituto de Pesquisa Econômica Aplicada (IPEA) divulgou nota técnica sobre o assunto: de acordo com dados levantados, as mulheres trabalham 7,5 horas a mais por semana do que os homens. Ainda segundo o estudo, 90% das mulheres realizam trabalhos domésticos, em contraste com 50% dos homens.
Correio Braziliense

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