segunda-feira, 20 de março de 2017

Frigoríficos autuados pela PF vendem carnes podres e financiam PMDB e PP

Empresas de agronegócio investigadas na Operação da Polícia Federal, denominada de “Carne Fraca” abasteciam campanhas políticas de partidos como o PMDB e o PP, de acordo com o superintendente regional da PF, Maurício Moscardi Grillo.
Parte da propina paga pelas empresas para o Ministério da Agricultura para fazer “vista grossa” as irregularidades dos produtos era revertido para os partidos políticos. Ainda não há estimativa do valor repassado e outras siglas podem estar envolvidas nos esquemas.
Principais frigoríficos do país são investigados na Operação Carne Fraca.
Os empresários são acusados por lavagem de dinheiro e corrupção e, ainda de acordo com a PF tinham bens registrados em nome de terceiros. “Parte desde o fiscal até o responsável pelo ministério. Existia uma “força” para retirar os fiscais honestos do trabalho nessas empresas”, disse o superintendente. Em troca de propina, os fiscais deixavam passar carnes podres, com data de vencimento adulterada e com bactérias.
Em perícia, foram encontradas carnes estragadas em conhecidos supermercados de Curitiba e Região Metropolitana. Entre as marcas que vendem carnes irregulares estão
De acordo com a PF, foram encaminhados quatro containers de carne para a Europa, o que chegou foi analisado e encontrada bactéria nos produtos. Os outros três ainda estão no mar.
Parte da investigação foi deflagrada pela fábrica do restaurante Madero, que passou por uma tentativa de extorsão de agentes que exigiam propina. “Criavam circunstâncias de problemas, exigiam dinheiro e picanha, por mais vergonhoso que seja” afirmou Grillo.
Alimentos sem condições de consumo
Entre os crimes identificados na operação, estão re-embalagem de produtos vencidos; excesso de água; inobservância da temperatura adequada das câmaras frigoríficas; assinaturas de certificados para exportação fora da sede da empresa e do Mapa, sem checagem in loco; venda de carne imprópria para o consumo humano; uso de produtos cancerígenos em doses altas para ocultar as características que impediriam o consumo pelo consumidor. Segundo a PF, todas as 40 empresas investigadas tinham alguma irregularidade.
Segundo o superintendente da PF, um dos empresários chegou a negociar autorização para abrir um abatedouro de cavalos para venda da carne no Paraná. A propina prevista era de R$ 300 mil.
Frangos abatidos em Colombo, na Região Metropolitana de Curitiba, também estavam contaminados com a bactéria Salmonela, de acordo com a análise, e eram encaminhados para merenda escolar em Curitiba. Também havia adulteração em suplementos de proteína que deveriam ser adicionados à carne e que eram trocados por versões mais baratas, que não tinham o mesmo efeito benéfico, segundo a PF. Carnes infectadas também foram destinadas à exportação.
Três núcleos
Foram identificados, nas investigações, três grupos criminosos de servidores no Mapa/PR: núcleo baseado em Curitiba, liderado pelo fiscal agropecuário Daniel Gonçalves Filho, sucedido em suas funções por Gil Bueno de Magalhães, Superintendente regional do Mapa, e Maria do Rocio Nascimento, chefe do SIPOA; núcleo baseado em Londrina, chefiado por Juarez Santana, chefe da Unidade Técnica Regional de Agricultura de Londrina – UTRA/Londrina; e núcleo Foz do Iguaçu, coordenado por Antonio Garcez da Luz, chefe do escritório do Mapa em Foz do Iguaçu. Além do núcleo baseado no Mapa/GO, cujo líder é o Chefe do SIPOA, Dinis Lourenço da Silva, que adota modus operandi semelhante ao do Paraná.
São, ao todo, 34 funcionários públicos investigados, 20 deles com mandados de prisão. Entre os executivos, há três da BRF e dois da JBS – três dos executivos estão presos.
Carne Fraca
A megaoperação da Polícia Federal foi deflagrada na manhã desta sexta-feira (17), com o objetivo de desarticular uma organização criminosa liderada por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio.
Aproximadamente 1.100 policiais federais cumprem 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao grupo criminoso.
Donos de empresas como Seara, BRF Brasil e JBS são acusadas de pagar propina para servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento que faziam “vistas grossas” para irregularidades nos produtos, como colocar produtos vencidos em novas embalagens e adicionar às carnes produtos cancerígenos que deixam a carne estragada aparentemente própria para consumo humano.
As ordens judiciais foram expedidas pela 14ª Vara da Justiça Federal de Curitiba e estão sendo cumpridas em sete estados: São Paulo, Distrito Federal, Paraná, Santa Catarina, Rio Grande do Sul, Minas Gerais e Goiás.
O nome da operação faz alusão à conhecida expressão popular em sintonia com a própria qualidade dos alimentos fornecidos ao consumidor por grandes grupos corporativos do ramo alimentício. A expressão popular demonstra uma fragilidade moral de agentes públicos federais que deveriam zelar e fiscalizar a qualidade dos alimentos fornecidos a sociedade.
Paraná Portal e Uol  

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