sábado, 18 de março de 2017

Sadia e Friboi vendiam carne estragada e vencida, diz PF

A Polícia Federal deflagrou nesta sexta-feira (17), a Operação Carne Fraca, com o objetivo de combater a corrupção de agentes públicos federais e crimes contra Saúde Pública. Segundo a PF, o caso envolve grandes empresas, como a JBS (de marcas como Friboi, Swift e Seara) e BRF (marcas como Sadia e Perdigão) por comercializarem carne estragada no Brasil e no exterior. A polícia também mandou bloquear R$ 1 bilhão dos investigados.





Aproximadamente 1100 policiais federais estão cumprindo 309 mandados judiciais, sendo 27 de prisão preventiva, 11 de prisão temporária, 77 de condução coercitiva e 194 de busca e apreensão em residências e locais de trabalho dos investigados e em empresas supostamente ligadas ao esquema. “Os agentes públicos, utilizando-se do poder fiscalizatório do cargo, mediante pagamento de propina, atuavam para facilitar a produção de alimentos adulterados, emitindo certificados sanitários sem qualquer fiscalização efetiva”, diz nota da PF.
De acordo com informações de o Estadão, o gerente de Relações Institucionais do Grupo BRF, Roney Nogueira dos Santos, e o funcionário da Searea, do grupo JBS, Flavio Cassou, estão entre os presos. Entre as irregularidades encontradas, estão reembalagem de produtos vencidos, excesso de água, inobservância da temperatura adequada das câmaras frigoríficas, assinaturas de certificados para exportação fora da sede da empresa e do Ministério da Agricultura, sem checagem in loco, venda de carne imprópria para o consumo humano.

Tony Ramos, garoto-propaganda da Friboi: frigoríficos adulteravam certificados sanitários de carne estragada
O esquema seria liderado por fiscais agropecuários federais e empresários do agronegócio. Segundo a PF, a operação detectou em quase dois anos de investigação que as Superintendências Regionais do Ministério da Pesca e Agricultura do Estado do Paraná, Minas Gerais e Goiás ‘atuavam diretamente para proteger grupos empresariais em detrimento do interesse público’.
Gravações telefônicas
A Polícia Federal (PF), obteve gravações telefônicas que apontam que vários frigoríficos do país vendiam carne estragada tanto no mercado brasileiro, quanto no exterior. As gravações foram divulgadas após a deflagração da Operação Carne Fraca, nesta sexta-feira (17). Confira a decisão: Parte 1 e Parte 2.
De acordo com informações do G1, diretores e donos das empresas estariam envolvidos diretamente nas fraudes, que contavam com a ajuda de servidores do Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento, no Paraná, Goiás e Minas Gerais.
Nas gravações, é possível identificar as práticas ilegais cometidas pelas empresas. Entre produtos químicos e produtos fora da validade e há ainda, casos como a inserção de papelão em lotes de frango.
Em um dos áudios gravados com autorização judicial, um dos donos da empresa Peccin, do Paraná, Idar Antônio Piccin, conversa com a esposa, Nair Kein Piccin, sobre o uso de carne proibida em lotes de linguiça. Os dois tiveram pedidos de prisão preventiva decretada pela Justiça.
dair – Você ligou?
Nair – Eu, sim eu liguei. Sabe aquele de cima lá, de Xanxerê?
Idair – É.
Nair – Ele quer te mandar 2000 quilos de carne de cabeça. Conhece carne de cabeça?
Idair – É de cabeça de porco, sei o que que é. E daí?
Nair – Ele vendia a 5, mas daí ele deixa a 4,80 para você conhecer, para fechar carga
Idair – Tá bom, mas vamos usar no que?
Nair – Não sei
Idair – Aí que vem a pergunta né? Vamo usar na calabresa , mas aí, é massa fina é? A calabresa já está saturada de massa fina. É pura massa fina
Nair – Tá
Idair – Vamos botar no que?
Nair – Não vamos pegar então?
Idair – Ah, manda vir 2000 quilos e botamos na linguiça ali, frescal, moída fina
Nair – Na linguiça?
Idair – Mas é proibido usar carne de cabeça na linguiça
Nair – Tá, seria só 2000 quilos para fechar a carga. Depois da outra vez dá para pegar um pouco de toucinho, mas por enquanto ainda tem toucinho (ininteligível)

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