terça-feira, 19 de agosto de 2014

Projeto Pesca Solidária promove intercâmbio à RESEX Prainha do Canto Verde

O Pesca Solidária, Projeto desenvolvido pela Comissão Ilha Ativa (CIA), com patrocínio da Petrobras por meio do Programa Petrobras Socioambiental, promoveu, durante os dias 15 a 17 de agosto, um intercâmbio juntamente com Associação de Pescadores e Marisqueiras do Estuário Timonha e Ubatuba (APEMTU) à RESEX Prainha do Canto Verde, em Beberibe, CE.
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Para a realização do intercâmbio contou-se com a parceria do Grupo de Pesquisa, Ensino e Extensão em Agroecologia (Cajuí), Universidade Federal do Piauí (UFPI, Curso de Economia), Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio – APA Delta do Parnaíba), CARE Brasil e Associação dos Moradores da Prainha do Canto Verde.
O objetivo desse intercâmbio foi a troca de saberes e ideias entre os participantes para valorização de iniciativas coletivas que tragam benefícios para o desenvolvimento local.
Para início, o presidente da Associação de Moradores da Prainha do Canto Verde, Roberto Carlos, apelidado de Painho, apresentou-se e contou sobre o histórico de lutas que os pescadores realizam desde 1989, quando da criação da associação. Ressaltou também uma grande ação executada em 1993, onde a jangada SOS Sobrevivência fez uma viagem da Prainha do Canto Verde até o Rio de Janeiro, para discutir alguns dos principais problemas dos pescadores: a especulação imobiliária, a pesca predatória e a falta de apoio do poder público para a pesca em geral.
Nesse momento ainda foi esclarecido que a grilagem das terras se deu entre 1976 e 1978, e que em 1984 foi expedido o usucapião para uma família que dizia ter o direito à terra. Assim, os pescadores, com o apoio da igreja, entraram com pedido de revisão do usucapião no mesmo ano. O processo se estendeu até 2006, quando os pescadores ganharam em todas as instâncias do poder judiciário e passaram a ter o reconhecimento das terras em nome das famílias. Já em 2009 foi criada a RESEX, que possui 610 hectares em terra e 27.000 hectares no mar.
No segundo dia as atividades aconteceram ao ar livre. Houve a realização do turismo cultural onde se deu a visita às estruturas de pesca da comunidade. Foi possível conhecer a cangalha, arte de pesca parecida com o manzuá, porém com duas bocas. A cangalha é utilizada para a pesca da lagosta, uma das principais fontes de renda dos pescadores daquela comunidade.
Em seguida, diversas embarcações foram apresentadas: jangadas de vários tamanhos, dois catamarãs, entre outros. Catamarã são embarcações maiores, com maior autonomia e segurança para os pescadores. Os catamarãs mostrados foram produzidos na própria comunidade. No ano de 2000 foram capacitadas por carpinteiro do Maranhão para construção e uso dessas embarcações.
No período da tarde o grupo continuou nas visitas à comunidade. Na ocasião foi conhecido alguns problemas comunitários como o avanço das dunas sobre algumas residências. Este problema minimizado nos últimos anos devido as secas que ocorreram, o que fez com que diminuísse avanço do mar sobre as casas.
A comunidade possui uma área de vazantes (área de acúmulo de águas da chuva) para auxiliar na produção de alimentos após o período chuvoso. Com as secas fortes dos últimos anos, eles haviam plantado menos, porém existia: cana, batata doce, banana, coco e macaxeira. Lá existe também uma iniciativa de quintais produtivos, mas apenas algumas lideranças realizam com maior efetividade.
No final da visita, foi apresentada a escola de nível fundamental, que é uma instituição alcançada pela luta da associação. Os membros conseguiram o material com a prefeitura e a própria comunidade realizou o serviço de construção. Nessa escola existe o primeiro Telecentro da Maré que o Governo Federal, por meio da extinta Secretaria Especial de Aquicultura e Pesca, instalou no estado do Ceará.
Como qualquer intercâmbio havia a necessidade de trocarmos nossos conhecimentos; Assim integrantes da APEMTU, principalmente Cláudia, Helton e Paulo Airton, com participação da Patrícia Claro (ICMBio/APA Delta do Parnaíba) apresentaram como ocorreu o processo de construção do acordo de pesca. Toda discussão foi gerada a partir do projeto desenvolvido entre ICMBio, Aquasis e CIA, junto com as Colônias de Pescadores (Z-23 e Z-24 – Ceará / Z-6 Piauí), denominado “Encontros de Pesca do Timonha e Ubatuba”.
Durante os debates diversas indagações foram realizadas pelos participantes, muitas relacionadas às características do ambiente onde vivemos, sobre a pesca, as comunidades e a posse da terra.
Para finalizar houve um bonito e alegre arrasta pé, com forró pé de serra, e participação de diversos integrantes do grupo do Piauí, na voz e na percussão.

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Fonte/comissaoilhaativa.org.br

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