Atendimento ou Enfrentamento?
Uma nova e moderna mentalidade criada pela artificialidade, modifica o momento em todos os setores assistenciais e serviços. O autor ou autores deste modelo não são ainda bem conhecidos, porém, não será nenhuma surpresa se formos nós mesmos, isso mesmo, todos nós juntos. Instalou-se um conflito de proporções gigantescas entre o atendente e o atendido.
As recepções em alguns casos poderiam perfeitamente ser chamadas de decepções. O que falta para um perfeito entendimento? Um acelerado mundo dos compromissos recheado com uma pitada de medo, desamor e falta de respeito, alimenta satisfatoriamente tal “vilão” social.
O conflito já instalado e consistente se multiplica em todos os setores. O que diria o garçom que atrasa o pedido no restaurante, o frentista que não está a postos. Pois uma consulta ou procedimento médico tem sido motivo de calorosas discórdias e conflitos em uma relação que tem obrigação de ser cordial.
O mundo da informação destorcida e maldosa repleta de interesses materiais cada vez mais destrói este importante binômio. O nosso antigo paciente, passou a ser chamado cliente e já é chamado de usuário, tem modificado seus comportamentos. Esta ultima denominação tem muita popularidade em outros meios afins, veja a que chegamos. A busca pala solução de nossas “mazelas” tem criado um terreno fértil para o crescimento e alimento dos conflitos. O universo do atendimento entre médico e cidadão parece ter perdido o seu valor hipocrático.
A relação de consumo impera e comanda nossos seres em todas as esferas, ou seja: físicas, psíquico e social. O atendimento virou enfrentamento. Como? Vamos analisar. Enfrentamos uma longa jornada de trabalho, para que possamos custear nossa saúde. Na necessidade enfrenta-se um transito caótico até o estabelecimento desejado. Uma fila de espera será enfrentada até ter que ficar de frente daquela ou daquele “simpático” atendente. Ainda não se chegou a exaustão, afinal nada ainda foi resolvido.
Após enfrentar horas de espera chega a hora da batalha final. Nos tempos de Hipócrates era o doente e o médico contra a doença. Atualmente sofreu algumas modificações tais como: plano de saúde, empresas de equipamentos, indústria farmacêutica, mídia ultra-moderníssima ditando as ultimas tendências e o próprio a ser atendido e seus bem informados acompanhantes. Vai “encarar” doutor?
Pois agora terás que acertar em cheio, concordante com o que disse o paramédico, o médico anterior que nada resolveu e ameaças judiciais, uma vez que o direito é supra soberano. Estes são apenas algumas coisas lembradas nesta profícua relação.
Diz o código de ética médica: XXI - No processo de tomada de decisões profissionais, de acordo com seus ditames de consciência e as previsões legais, o médico aceitará as escolhas de seus pacientes, relativas aos procedimentos diagnósticos e terapêuticos por eles expressos, desde que adequadas ao caso e cientificamente reconhecidas. Nesta “harmoniosa” relação cabe um diálogo franco e sincero. Mas cadê a confiança? Matéria quase em extinção passa por momento difícil perdendo sua própria identidade, pois já não confiamos nem em nós mesmos.
Neste contexto o enfrentamento se fortalece. Então uma situação que já parecia difícil torna-se delicada. Cresce a insegurança, aumenta a desconfiança e uma situação que parecia acima de qualquer suspeita adquire o ato de suspeição e transmissão de responsabilidades. E fica o clima, “não vou prescrever este produto, pios não confio neste usuário”. “Não vou usar este remédio sem uma segunda opinião pois não sinto segurança neste doutor. Então lembramos um provérbio chinês”: Dinheiro perdido, nada perdido; Saúde perdida, muito perdido; Caráter perdido, tudo perdido."
José Osvaldo Gomes dos Santos
Médico Ortopedista de Parnaíba
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