sexta-feira, 21 de março de 2014

ELEIÇÕES: Wilson Martins à vontade

Para quem não sabe ou não sabia, a figura da “transição de governo” foi criada pelo ex-presidente Fernando Henrique Cardoso. Tem início assim que o resultado das eleições é anunciado. Ou no caso de renúncia do chefe do Executivo, para que possa assumir o vice.

O processo tem por objetivo assegurar que o eleito ou o vice possa receber informações e dados necessários ao exercício da função, assim que tomar posse. A formação do grupo de trabalho, que pode contar com no máximo 50 pessoas, é prevista pela Lei nº 10.609/2002, derivada da Medida Provisória nº 76, de 25 de outubro de 2002, ano em que o modelo foi instituído no Brasil.

Com a transição instituída e reunida no Piauí, o governador Wilson Martins estará doravante muito à vontade e tranquilo para renunciar ao cargo e aguardar o desenrolar da pré-campanha eleitoral com relação ao candidato da base política montada por ele.

Se não “emplacar”, Marcelo Castro jamais poderá culpar Wilson Martins por qualquer falha. Todos sabem que Marcelo Castro substituiu Zé Filho quando este não conseguia sair de cinco pontos percentuais em sua pré-campanha de 2013. O ano de 2014 se iniciou com o nome de Marcelo Castro nas ruas. São decorridos quase três meses de pré-campanha e o deputado Marcelo Castro continua “patinando” nas pesquisas, não sai do lugar, mesmo com o apoio político irrestrito e decisivo que não foi dado pelo governador a Zé Filho.

Agora, Zé Filho como governador o quadro se inverte. Antes, a “vitrine” de Marcelo Castro era o governo Wilson Martins. Após 5 de abril, a vitrine de Zé Filho será seu próprio governo. Se com o desenrolar dos meses de abril, maio e junho tomar gosto e realizar um bom governo, com o vento e a nuvem tomando outra direção, uma candidatura Zé Filho não estará descartada. Sem dúvida!

Se Zé Filho tomar gosto pela coisa e a população vaticinar, refletir para o fato de que tem um bom comandante, ninguém no futuro poderá culpar Wilson Martins. Pelo contrário, deverão todos enaltecê-lo porque nunca um governador fez tanto pelo seu escolhido para que decolasse nas pesquisas de intenção de voto.

Desde que foi implantado o instituto da reeleição que será a primeira vez no Piauí que um vice assume e desistirá de concorrer no pleno exercício do cargo. Que é o caso de Zé Filho, mesmo sem ter qualquer impedimento. Pelo menos até antes de assumir tem dito que não será candidato. Ninguém sabe e nem ter a certeza se essa decisão será mantida após o transcorrer do mandato.

Com o ex-senador Freitas Neto (PSDB) coordenando seu governo, tem tudo para fazer uma Administração moralizada e moralizadora. Com Felipe Mendes na Secretaria da Fazenda, Zé Filho tem como realizar uma gestão séria, zelosa e eficiente. Se os resultados de seu governo forem apenas bons nos meses de abril e maio, com a aprovação da população, os índices político-eleitorais do vice tendem a se alterar substancialmente na corrida sucessória.

Quem pensar que um bom governo de Zé Filho poderá beneficiar Marcelo Castro estará redondamente enganado. Funcionará justamente o contrário! Sem o apoio decisivo de Wilson Martins, o até então vice Zé Filho não tinha como crescer nas pesquisas. Como governador, a imagem dele tende a se modificar em relação ao eleitorado e à própria Administração, que o via como “inapetente”, com falta de “apetite” para o exercício do cargo.

Na primeira quinzena de maio, qualquer pesquisa que incluir o nome de Zé Filho como concorrente à reeleição já deverá mostrar um quadro eleitoral absolutamente diferente entre ele, como governador e concorrendo à reeleição, e os pré-candidatos Marcelo Castro, Wellington Dias e Mão Santa. Pelo menos um segundo turno estará garantido no Piauí.

Quando o prefeito Firmino Filho pede que a base do governo não se deixe levar pela ansiedade, a intenção dele será confirmada após a assunção ao cargo do vice Zé Filho. Com profissionais da política piauiense assumindo o comando do Estado, fica muito claro que uma nova etapa da sucessão estadual começa neste 5 de abril, que apresentará em tempo recórde novos atores e outros números.

Portanto, Wilson Martins estará muito à vontade para se eximir de qualquer culpa por um possível fracasso do atual pré-candidato da base, Marcelo Castro. Inquestionavelmente, Wilson deu a ele todas as condições para que pudesse se viabilizar. E por está à vontade e com a consciência tranquila é que se houver algum acidente de percurso Wilson Martins poderá optar por concorrer a dois mandatos eletivos: senador ou deputado federal. Quem viver, verá!
Por: Miguel Dias Pinheiro, advogado
Jornal de Luzilândia

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