Festival do Caranguejo sem caranguejo?

Nos dias 16, 17 e 18 de novembro foi realizado o 7º Festival do Caranguejo de Ilha Grande, organizado pela Prefeitura Municipal em parceria com a NOVA SKIN, que apóia todas as edições.

Neste ano, o que mais chamou atenção de quem visitou o evento foi a ausência dos catadores de caranguejo e principalmente dos tradicionais pratos a base de caranguejo, além da ausência do apoio do SEBRAE com seus estandes que dão charme especial ao evento.

A tradicional festa foi iniciada nos anos de 2004 e 2005, organizada pelos catadores do crustáceo, no âmbito de um projeto executado pelo SEBRAE, com objetivo de organizar os extrativistas, melhorando a sua qualidade de vida, por meio do aumento da renda e do conhecimento.

Neste contexto, surgiu a ideia de realizar a “festa do caranguejo” visando incentivar a geração de renda para os catadores com a comercialização de pratos a base de caranguejo, além de homenagear essa classe de trabalhadores, onde a prática da cata é de grande importância para a economia do município e discriminada pela população local.

A festa cresceu com a parceria junto ao poder municipal, SEBRAE e a Associação de Catadores de Caranguejo em 2007, ganhando dimensão de festival, sendo inserido no calendário turístico da região. Embora em crescimento, continuou em foco na geração de renda para as famílias dos catadores de caranguejo.  Entretanto, essa parceria é de acordo com o interesse político da gestão municipal, deixando o município 2 anos sem a realização do evento.

Diante dessas incertezas, em 2010 a Associação de Catadores de Caranguejo buscou apoio da comunidade local e do terceiro setor para a organização do 5º Festival do Caranguejo. Foi um ano de muitas conquistas pra a comunidade local, pois o evento foi resultado de muita luta e teve como realizadores a associação, comunidade local e parceiros como o SEBRAE, CIA, Instituto Marista de Solidariedade, NOVA SKIN e outras empresas da região.

Em 2011 novamente os gestores municipais tomaram a organização para si, deixando os catadores de caranguejo como meros beneficiados, sendo responsáveis apenas pela organização da regata de canoas, ou seja, foi realizado um festival sem a participação dos catadores e sem caranguejo.

O evento sempre apresentava na programação o festival gastronômico. Essa competição saudável tinha como vencedora a criatividade das quituteiras do município, que traziam todos os anos novas combinações de sabores, onde o caranguejo era sempre protagonista.

Esta sétima edição do festival ficou a desejar, pois sentimos falta da estrutura de estandes do SEBRAE, das atrações que envolvem a comunidade local e principalmente os catadores de caranguejo com o delicioso crustáceo das mais inusitadas maneiras: toc-toc, tortas, casquinho, lasanha, rocambole, tapioca, pastel, e muito mais.

Portanto, fica a pergunta para reflexão: o que aconteceu com esta edição, que não tivemos a participação do principal parceiro (SEBRAE) e dos idealizadores do Festival (Catadores de Caranguejo)?

Fonte/comissaoilhaativa.org.br