O objetivo dessa saída de campo foi informar aos pescadores a respeito do início das atividades de fiscalização e da necessidade de todos portarem as carteiras de pescador profissional, emitidas pelo Ministério da Pesca e Aquicultura, através das colônias.
Apenas pescadores de duas canoas não portavam seus documentos de pesca ou pelo menos os protocolos de entrega da solicitação. No entanto, quase todos reclamaram do atraso na entrega das carteiras atualizadas, pois a maior parte delas estava vencida.
Na ação, foram abordadas seis canoas do município de Chaval, todas elas equipadas com motor de rabeta e cujos pescadores estavam realizando a pesca com “caçoeira”. Além dessas, no Porto dos Mosquitos, em Chaval, a cerca de 20 km do litoral, ocupantes de outras duas canoas conversaram com a equipe da APA.
As conversas objetivaram informar os pescadores sobre as decisões dos Encontros de Pesca do Timonha e Ubatuba e o Acordo de Pesca votado em reuniões das três colônias que atuam na região. Ocupantes de 4 canoas participaram das reuniões das colônias que votaram o Acordo de Pesca e declararam ter conhecimento das decisões tomadas.
Nessa saída de campo foi possível saber que uma das práticas proibidas na pesca, a “batedeira”, que consiste em lançar a “caçoeira” e depois bater na água para espantar os peixes na direção da rede, está assumindo outra forma de acontecer: às vezes os pescadores batem os remos no fundo da canoa para fazer barulho e espantar o peixe e em outras vezes, utilizam a própria rabeta (motor pequeno de popa preso à haste do leme) para bater na água e criar o mesmo efeito.
Essa prática é condenada por muitos pescadores e marisqueiras que argumentam que os peixes acabam se afastando, prejudicando outros pescadores, embora possa ter beneficiado aquele que se utiliza da técnica.
Outras pescas predatórias (pesca com bomba ou de arrasto cobal) não têm sido vistas. A pesca com bomba é extremamente danosa ao ambiente do rio, pois destrói todo o nicho ecológico ao alcance do artefato explosivo, seja a flora ou a fauna aquática que o constituem. Segundo os pescadores, esse tipo de pesca é realizado por pessoas que tem mais recursos e que não são pescadores artesanais.
Já a pesca de arrasto cobal é uma pesca feita com rede de malha de nylon trançada, extremamente resistente, com um espaçamento muito pequeno entre os pontos de cruzamento. Ela é lançada de uma margem a outra do rio, fechando todo o curso de água e arrastada por canoas, levando todo o sedimento do fundo dos rios. Em sua malha, são capturados tanto peixes grandes como pequenos, causando um grande impacto junto aos estoques pesqueiros por dificultar a reprodução das espécies capturadas. Por outro lado, ao arrastar o sedimento do fundo dos rios, essa técnica de pesca termina por remexer todo o habitat de algas e fauna aquática que vive nesse local e que possui um papel fundamental na cadeia alimentar do estuário.
Os técnicos da APA Delta do Parnaíba continuarão realizando as ações de proteção com a finalidade de informar e educar os pescadores a respeito das decisões do Acordo de Pesca, ao tempo que fazem o controle da pesca predatória.
Imagens: Arquivo Base Peixe-boi/APA Delta do Parnaíba.
Fonte/comissaoilhaativa.org.br
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