O projeto, com estreia prevista para o final de 2024, é um sopro de autenticidade que mescla o rigor histórico com a poética visual, uma verdadeira ode à cultura indígena tremembé, que, séculos atrás, dominava a região do Delta do Parnaíba. Dirigido pelo cineasta parnaibano Chico Rasta, esse filme é mais que uma obra documental; é um manifesto visual que luta contra o apagamento cultural, ao mesmo tempo em que exalta as paisagens naturais e a rica biodiversidade do território, onde até a fauna se torna personagem — como no caso do raríssimo tamanduaí, uma espécie quase mitológica para a ciência local.

Chico Rasta, com sua vasta experiência e envolvimento em produções como o Doc Futura Mimbó, faz desse projeto um exemplo de como o audiovisual pode ser ferramenta de resistência. O cineasta faz isso com um olhar sensível, que é ao mesmo tempo técnico e apaixonado, capturando a essência do protagonismo indígena desde os tempos de Mandu Ladino até os dias atuais, com Pedro Militão, um verdadeiro guardião da história indígena e ambiental de Parnaíba.

Ba-Obá Audiovisual, produtora que assina o filme, não é apenas uma participante nesse cenário, mas uma voz ativa na defesa das histórias dos povos originários. Com DNA piauiense, a Ba-Obá tem como missão ecoar histórias de resistência, sejam elas afropindorâmicas ou conservacionistas. E essa é uma escolha nada acidental. As narrativas contadas por Chico Rasta e sua equipe são, acima de tudo, formas de manter viva a cultura de um povo que, por muito tempo, foi silenciado.

O média-metragem vai além do formato tradicional de documentário, tornando-se uma peça de resistência contemporânea que convida o espectador a revisitar e valorizar a importância da cultura indígena para a formação da identidade parnaibana. Ao longo do filme, o espectador percorre desde as lendas e mitos até as rupturas e retomadas dos aldeamentos indígenas, explorando como os bairros de Parnaíba nasceram das antigas aldeias indígenas. É uma verdadeira viagem no tempo, onde as ruas, praças e festivais culturais da cidade revelam sua intrínseca conexão com o passado.

Essa é uma produção que não se intimida diante dos desafios narrativos. Pelo contrário, “Parnahyba Indígena” celebra a riqueza cultural através de uma linguagem visual que mistura o belo com o político, o poético com o histórico. Cada frame do filme é uma pincelada de resistência, como se as lentes da câmera capturassem não só o presente, mas também o espírito ancestral dos guerreiros Tremembé.

Este média-metragem se posiciona como um dos maiores projetos recentes de valorização da cultura piauiense e é um marco importante para o cinema independente, mostrando que histórias locais têm força universal. Chico Rasta nos convida a (re)conhecer a Parnaíba sob uma nova perspectiva, onde o passado e o presente indígena se entrelaçam para desenhar o futuro.

Com recursos da Lei Paulo Gustavo e apoio da Superintendência de Cultura da Prefeitura de Parnaíba, a produção caminha para se tornar um ícone do cinema regional. Essa obra é o reflexo do orgulho parnaibano e do desejo inabalável de contar histórias que resistem ao tempo, ao esquecimento e às tentativas de apagamento.

Se existe uma produção com selo “Parnaíba de ser”, “Parnahyba Indígena” é o emblema desse espírito combativo e apaixonado, enraizado na identidade de um povo que se recusa a desaparecer das páginas da história. O filme promete nos lembrar que a cultura, assim como as grandes árvores Baobás que inspiram o nome da produtora, se fortalece com as raízes profundas, mesmo que não sejam visíveis a olho nu.

Com este média-metragem, o audiovisual parnaibano entra definitivamente no mapa da resistência cultural brasileira, com uma narrativa que é, ao mesmo tempo, local e universal, assim como as lendas e histórias que ecoam pelas terras do Delta.

Crédito das fotos: Produção do filme “Parnahyba Indígena”

Parnahyba Indígena: Audiovisual resgata a resistência ancestral no Litoral do Piauí – Portal Costa Norte