sábado, 29 de março de 2014

WILSON MARTINS: Despedida sem industrializar

Wilson Martins deixa o governo com uma série histórica de apagões. E não adianta culpar a Eletrobrás, porque essa questão é competência constitucional concorrente da União e do Estado.
O registro aqui não tem o condão de macular a história e a imagem política do governador Wilson Martins. Mas, para registrar que mais um governador passa pelo Palácio de Karnak sem um projeto para a industrialização do Piauí.

O governador, como tantos outros, perdeu uma grande oportunidade e, por consequência, não teve a visão de um estadista, de um governante com a preocupação voltada para fomentar riquezas, gerar renda e empregos no Estado mais pobre da federação brasileira através da indústria.
Quando o assunto é industrializar, o primeiro questionamento que salta aos olhos é a questão energética do Piauí. Para o governo que termina no início de abril a questão não foi prioridade. Aliás, um investimento que passou ao largo! Com nosso sistema energético aos frangalhos, diz-se por aqui, em tom de deboche, que quando um cachorro faz “xixi” no porte a “luz apaga”, a energia vai embora. Nos quatro anos que governou o Piauí, não se viu uma vez sequer a preocupação do governador no sentido de pelo menos discutir à exaustão o problema.

Wilson Martins deixa o governo com uma série histórica de apagões. E não adianta culpar a Eletrobrás, porque essa questão é competência constitucional concorrente da União e do Estado. Então, não haveria mesmo como um governo falar em industrializar o Estado. A constância de apagões inviabiliza qualquer projeto de industrialização que é sempre e constantemente apontado por todo cidadão de senso comum como o caminho para o desenvolvimento.

Além da ausência desse sentimento de estadista, faltou ao governador estimular os atrativos para os investimentos, como, por exemplo, discutir a redução da carga tributária para estimular os setores que mais geram renda e emprego. Em uma pesquisa realizada pela Confederação Nacional da Indústria (CNI), o Piauí está colocado entre os Estados que mais cobram impostos. Ora, um Estado pequeno como o nosso não pode ter a pretensão de continuar com essa postura de “impostômetro”, encabeçando uma lista negativa pela incompetência de seus governantes. O pior de tudo é o governo não fez um esforço sequer para mudar esse quadro, para oferecer ao investidor oportunidades para se instalar no Estado.

De acordo com os levantamentos do setor industrial, o Piauí tem altíssimo potencial para a transformação de alimentos, devido a sua forte fruticultura e o expansivo agronegócio. Porém, não foi criado no Estado um ambiente propício para atrair empresas e investimentos. Wilson Martins, como muitos outros governantes, deixa o Piauí mais uma vez apenas como um “eixo viário” e não como um “eixo de desenvolvimento”, devido a sua estratégica localização no meio norte do Brasil.

Assistimos, mais uma vez, nossos governantes não se preocuparem em uma única oportunidade com a infraestrutura do Estado. Faltou vontade política? Sim! Faltou planejamento? Claro! Enfim, faltou uma visão de estadista, de astuto, de cortês para com o futuro do Piauí. E estamos outra vez condenados a amargar um atraso secular.

As indústrias presentes no Estado atuam, principalmente, na fabricação de produtos químicos, de doces e de cachaças. Apenas isso. É pouco? Evidentemente que sim! A agricultura continua sendo vinculada à subsistência, com níveis de produtividade modestos e que não consegue sequer suprir as necessidades internas de consumo. Dentre as várias culturas desenvolvidas ao longo do território piauiense, as de maior destaque são: milho, feijão, arroz, mandioca e soja (culturas temporárias), incluindo, ainda, a produção de manga, laranja e castanha de caju. É muito? É pouco!

Portanto, a responsabilidade do governo, todos sabem, é preparar um ambiente adequado para a industrialização do Estado. Porém, isso nunca ocorreu aqui. E Wilson Martins também passou “batido”!
Jornal de Luzilândia\por Miguel Dias Pinheiro, advogado

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