terça-feira, 11 de março de 2014

A frágil e ampla vidraça do governo

Considerando a forma com que o governador Wilson Martins devolveu as críticas feitas pelo senador Wellington Dias (PT), seu antecessor no Palácio de Karnak, e padrinho político nas eleições de 2010, foi descortinado um flanco a ser explorado pela oposição no embate do momento. 
Wilsão acusou o golpe, ao responder prontamente à manifestação pública de desaprovação, por parte do senador, pré-candidato a governador, e revelou a intranquilidade de quem percebe sua própria fragilidade diante da artilharia do oponente.

Sem perceber, Wilson Martins deixou transparecer que, caso comece a ser criticado, de forma sistemática, serão impactantes os prejuízos eleitorais para seu candidato ao Governo do Estado, o deputado federal Marcelo Castro (PMDB). O tarimbado parlamentar dificilmente conseguiria descolar sua candidatura dos problemas – e não são poucos – apresentados pelo governo atual, que, apesar das doses cavalares de propaganda oficial e não oficial, não conseguiu forjar um conceito positivo junto à sociedade.

A grande dificuldade a ser equacionada, do ponto de vista governista, é defender-se, consistentemente, das críticas e denúncias contra a administração de Wilson, já que o atual governo tem se mostrado pródigo em graves erros políticos e administrativos, mais ou menos camuflados. Pode ser considerada um equívoco a própria iniciativa de Wilson Martins, no sentido de preterir Wellington Dias como candidato a sua sucessão. A já histórica reunião, ocorrida na residência da deputada Amparo Paes Landim, em São João do Piauí, foi um verdadeiro desastre.

Base rachada
Ao fechar questão em torno do candidato do PMDB ao Karnak, a um ano e meio das eleições, quebrando um entendimento prévio com o senador petista, tentando isolá-lo, o governador rachou sua base de sustentação, expulsando para a oposição três siglas importantes: PT, PP e PTB. A manobra levou Wilson a um rompimento com os senadores que comandam esses partidos. O governador surpreendeu seus então aliados, mas também foi surpreendido pela velocidade com que Wellington Dias, João Vicente Claudino e Ciro Nogueira Filho se rearticularam.

Wilson, portanto, antes de definir sua própria chapa, terminou formando, com mais antecedência, a de oposição a seu candidato. Mais: ele deflagrou um processo eleitoral excessivamente prematuro, em 2013, ao tentar impor seu postulante peemedebista às pretensões de Wellington. Se não dificultou, Wilson pelo menos não facilitou sua administração. Vê-se equívocos à mancheia, como diria o poeta. Assim, o pecado original do governador colocou seu grupo num arriscado jogo, no qual a frágil e ampla vidraça do governo pode implodir a candidatura de Marcelo.
Por: Sérgio Fontenele é jornalista/Capital Teresina

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