Segundo biólogos, vestígios de óleo cru foram encontrados em estuário do Peixe-boi no litoral piauiense misturados ao capim-agulha, principal alimento da espécie.
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Bióloga encontra mancha de óleo em santuário de peixe-boi. (Foto: Reprodução/Instagram) |
A coordenadora do projeto Pesca Solidária da Comissão Ilha Ativa, Liliana Oliveira, confirmou que registrou manchas de óleo cru misturado ao capim-agulha, um dos principais alimentos do peixe-boi, na região do estuário, conhecido como santuário dos peixes-boi, em Cajueiro da Praia.
A bióloga destaca ainda que nas últimas semanas os peixes-boi desapareceram da região, e o sumiço pode estar ligado ao aparecimento do óleo nas praias. O local conhecido como Boca da Barra é um dos mais comuns de avistar a espécie, mas mesmo nessa área os animais não têm sido encontrados.
“Em duas semanas, só vimos dois uma vez. Eles sumiram dessa área, por isso estamos fazendo o monitoramento para checar se eles estão com algum tipo de impacto que ainda não vimos”, destaca.
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Além do local, também foram encontrados resquícios de óleo cru no capim-agulha na praia da Pedra do Sal, o que pode indicar a presença de um banco de alimentação até então desconhecido pelos ambientalistas.
“Descobrimos há duas semanas porque tinha muito capim na praia e os turistas estavam reclamando que os pés estavam manchados de óleo. Já havia relatos de pescadores de peixes-boi avistados na Pedra do Sal, depois de encontrar esse capim, isso fortalece a hipótese”, destaca.
A Comissão Ilha Ativa, um dos projetos desenvolvidos por voluntários na região do litoral piauiense, está realizando o mapeamento dos pontos das manchas de óleo com o alimento do peixe-boi para evitar a contaminação desses animais. O acompanhamento da fonte de alimentação dos animais marinhos está sendo feito através de mergulhos, mas a transparência da água do litoral dificulta a visibilidade dos bancos submersos.
Até o momento, nenhum peixe-boi morto foi encontrado na região do litoral piauiense. Contudo, duas tartarugas marinhas morreram após contato com o material oleoso. Na necropsia foram encontrados vestígios de óleo no intestino dos animais. Nenhum animal foi encontrado banhado de óleo na região.
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Tartarugas mortas tinham vestígios de óleo no intestino. (Foto: Reprodução/Instagram) |
Manchas de óleo podem ter chegado a área de mangue
Segundo relato de pescadores, manchas de óleo chegaram a ser vistas em áreas de mangue próximas ao Rio Carpinas. No entanto, por falta de recursos, os voluntários estão com dificuldades para fazer o monitoramento e confirmar a informação repassada pelos pescadores.
“A dificuldade é, além de conhecer um barqueiro que conheça toda a área, precisamos arcar com os custos do combustível da embarcação, porque não é toda embarcação que chega nesse braço de rio, por isso usamos as canoas dos pescadores. Além disso, para eles perderem o dia de pesca, a gente custeia o dia que eles vão auxiliar na busca”, finaliza.
Piauí é o estado menos atingido por manchas de óleo, diz instituto
Imagens recentes do vazamento de óleo em praias do Nordeste chamaram atenção para o empenho de voluntários para diminuir o impacto do desastre ambiental que já dura dois meses. Apesar da situação crítica em vários estados da região, o Piauí é o estado menos atingido pelas manchas de óleo. A informação é do Instituto Tartarugas do Delta, organização não governamental que atua na preservação da fauna do litoral piauiense.
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Werlanne Magalhães, bióloga e vice-presidente do Instituto Tartarugas do Delta. Foto: Instituto Tartarugas do Delta |
Segundo Werlayne Mendes, vice-presidente do instituto, a situação do litoral é preocupante, mas ainda é estável. As manchas encontradas no litoral são dispersas e podem ser encontradas em praias diferentes. “Muitas vezes a própria maré lava a mancha. A não ser nos casos onde a maré bate, como na Praia do Coqueiro, e pode acontecer de ficar o vestígio”, afirma.
As prefeituras dos municípios de Ilha Grande, Parnaíba, Luís Correia e Cajueiro da Praia, em parceria com o Ibama, Instituto Chico Mendes de Conservação da Biodiversidade (ICMBio) e Capitania dos Portos, atuam o monitoramento das praias para identificar as manchas e fazer a limpeza dos locais afetados. Enquanto o Instituto Tartarugas do Delta está fazendo o acompanhamento da fauna marinha em períodos de maré alta, momento em que os animais retornam para a praia.
Por: Nathalia Amaral/O Dia | Edição: José Wilson | Jornal da Parnaíba
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