segunda-feira, 16 de maio de 2022

Conheça as espécies marinhas invasoras que podem causar impactos ambientais no litoral do Piauí

 Espécies invasoras são animais de outros lugares e foram trazidos para o Brasil pelo ser humano, e que se adaptaram bem ao novo ambiente. Há pelo menos cinco espécies marinhas invasoras presentes no litoral do Piauí.

Praia do Arrombado, litoral do Piauí — Foto: Kairo Amaral/TV Clube

Além do peixe-leão, espécie invasora que começou a aparecer no litoral do Piauí desde março de 2022, os pesquisadores da Universidade Federal do Delta do Parnaíba (UFDPar) também analisam outras populações de animais marinhos que não são nativos, mas que estão presentes nas praias piauienses.

Segundo o professor Pedro Carneiro, doutor em ciências marinhas, espécies invasoras são animais de outros ambientes que foram trazidos para o Brasil pelo ser humano.

Algumas espécies, como o caramujo africano, foram trazidas com propósito comercial. Outras, como o siri bidu, chegaram ao Brasil de carona em navios vindos de outras partes do mundo. Ao chegar aqui, encontraram ambientes favoráveis e se estabeleceram.

Há pelo menos cinco espécies marinhas invasoras presentes no litoral do Piauí, conheça algumas delas:

Siri bidu

O siri bidu — Foto: Reprodução - Wikipedia

Segundo o professor Pedro Carneiro, o siri bidu é encontrado no Piauí há alguns anos. O animal é oriundo da China, do oceano Índico, chegou no Brasil ainda em meados da década de 1990, e se espalharam por todo o litoral do país, formando populações residentes.

O siri bidu é pequeno, mede entre 7 e 8 centímetros, vive em ambientes rochosos, como os corais da Praia do Coqueiro, em Luís Correia e na praia de Barra Grande, em Cajueiro da Praia.

Cajueiro da Praia fica no litoral do Piauí — Foto: Foto: Patrícia Andrade/g1

Ele não gera riscos para seres humanos, mas por ser de fácil reprodução, não ter predadores e se alimentar de toda matéria orgânica disponível, pode ser um risco para outras espécies de siri que são nativas. O siri bidu pode ainda ser transmissor de uma doença que prejudica os camarões.

“O siri bidu é vetor do vírus da mancha branca, que dava em camarões criados em cativeiro. Hoje ele não causa impactos econômicos, mas podem causar”, comentou o professor Pedro Carneiro.

Ainda segundo Pedro Carneiro, como os siris bidu não vivem em manguezais, por isso não representa um risco para as populações de caranguejos, que têm alto interesse econômico.

Camarões

Camarão-tigre-gigante, encontrado no litoral do Piauí — Foto: Biota Amazônia Open Journal System - Ricardo Cezar Alves Vieira da Silva, Luiz Gonzaga Alves dos Santos Filho, Sidely Gil Alves Vieira dos Santos, Carlos Eduardo de Pádua Ribeiro

Há três espécies de camarões estrangeiros vivendo no litoral do Piauí: o camarão-da-malásia, o camarão-das-patas-brancas e o camarão tigre-gigante. Eles também não trazem riscos aos humanos, mas competem por recursos com as espécies nativas.

“Esses animais foram trazidos pelo interesse comercial, para criação, mas não caiu no gosto e ficou sem mercado. Como eles, também é o camarão cinza, trazido para criação, mas tem mercado, e ainda é criado em cativeiro”, explicou o professor Pedro Carneiro.

Apesar de não fazer sucesso no mercado, alguns desses animais são comercializados em menores quantidades, como o camarão tigre-gigante. “Diferente do siri bidu, esses não chegam a ter uma população grande porque quando proliferam, são pescados”, comentou.

Peixe-leão

Peixe-leão — Foto: Fábio Borges/Acervo pessoal

O mais recente habitante do litoral do Piauí é o peixe-leão. Indivíduos da espécie começaram a ser encontrados em março de 2022, e também estão sendo acompanhados pelos pesquisadores da UFDPar.

Natural da Ásia, o peixe-leão foi trazido para o Brasil como peixe ornamental, e se soltou. Há ocorrências de aparição na costa do Pará, Fernando de Noronha (PE), e no Ceará, o que tem deixado especialistas em alerta.

O peixe-leão é venenoso e representa um risco para os seres humanos, por causa da toxina que possui nas pontas da sua escama, além de competir por recursos com a fauna nativa. Eles também vive em ambientes rochosos, e foram localizados em Luís Correia e em Cajueiro da Praia.

O que fazer?

Ainda de acordo com o professor Pedro Carneiro, como esses animais estão há anos no litoral do Piauí (com exceção do peixe-leão), seria quase impossível eliminá-los. Assim, o melhor a se fazer é aprender a lidar com eles.

"Você veja o exemplo do mosquito aedes aegypti, que é africano, mais uma espécie invasora. E mesmo com todas as campanhas do governo e todo o esforço, ainda assim estão no nosso ambiente", disse.

Com a chegada dos peixe-leão, os pesquisadores da UFPar têm feito visitas à população que mora na região, em estabelecimentos e nas secretarias de saúde e meio ambiente para passar informações sobre como lidar com o animal

Por Andrê Nascimento, g1 PI

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