sábado, 22 de dezembro de 2018

Médico cubano que trabalhava na Ilha Grande (PI) preferiu ficar

“Estamos dispostos a trabalhar”, diz médico cubano que deixou Mais Médicos; Raymel Kessel é um dos 40 médicos cubanos que aguardam pelo dia 3 de janeiro para voltar a trabalhar.
Raimel Kessel, médico cubano que preferiu ficar no Brasil e aguardar abertura de inscrições para médicos estrangeiros
Enquanto cidades do Piauí permanecem sem atendimento por falta de preenchimento das vagas do programa Mais Médicos, médico cubano espera chance de poder voltar a trabalhar.

Raymel Kessel, 39 anos, acompanha o calendário com ansiedade e esperança. Ele é um dos cerca de 40 médicos cubanos do programa Mais Médicos que decidiram ficar no Piauí para aguardar a chance de serem reintegrados aos quadros de trabalho no país. No entanto, a espera que só se encerra dia 3 de janeiro - data em que o edital do programa estará aberto para a inscrição de médicos estrangeiros - deixa o cenário apreensivo para os profissionais que escolheram permanecer em solo brasileiro.
Raymel Kessel e o filho, fruto de relacionamento com uma piauiense (Foto: Reprodução/Arquivo Pessoal)
“O governo deixou as inscrições para os médicos estrangeiros apenas em janeiro, caso sobre vagas. Estamos dispostos a trabalhar, mas, do jeito que está acontecendo, as possibilidades são poucas”, afirma.

Raymel trabalhou no Piauí, no município de Ilha Grande, Norte do Estado, desde que o programa foi implantado no país, em 2013. No Estado, o médico cubano formou família e viu sua presença ser celebrada pela comunidade.

“Eu tinha experiência de trabalhar em outros países em situação de pobreza, mas a situação que vi ao começar a trabalhar aqui foi chocante. Muitas pessoas morando em casas de barro, locais que não tem condição de moradia, pescadores sem renda fixa, muitos problemas que assustam. Mas desde que cheguei fui muito bem recebido. Chegou o momento de eu me sentir parte da comunidade. Hoje eu me sinto em casa”, declara.

O médico conta que o trabalho de saúde desenvolvido por ele e sua equipe no Posto de Saúde Governador Mão Santa, no pequeno município do litoral piauiense, alcançava a comunidade como um todo, desde crianças a idosos. “Fizemos até trabalhos educativos de prevenção a saúde com crianças, adolescentes, era um prazer trabalhar para a comunidade”, ressalta.

Agora, no posto de saúde que o cubano atuava, outro médico já ocupa o lugar após a abertura do edital para os profissionais brasileiros. Mesmo tendo estabelecido vínculos no município, onde a poucos quilômetros dali a esposa atua como professora universitária e o filho de dois anos é criado, ele diz estar disposto a ir a qualquer lugar do Brasil.

“Não foi fácil escolher ficar, lá em Cuba tenho meus pais e familiares. Mas hoje me casei com uma mulher linda, tenho um filho, e eu só quero voltar a trabalhar. Queria muito que fosse no Piauí, mas estou disposto a ir a qualquer lugar do Brasil”, finaliza.

Por: Ananda Oliveira e Glenda Uchôa/Portal O Dia | Edição: Jornal da Parnaíba

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