quarta-feira, 12 de setembro de 2018

Tubarão raro é achado na Pedra do Sal e gera alerta de desequilíbrio ambiental

Tubarão raro é achado morto boiando na praia da Pedra do Sal no litoral piauiense e gera alerta de desequilíbrio ambiental.
A aparição de um tubarão raro na praia da Pedra do Sal causou alerta entre pesquisadores da vida marinha no litoral do Piauí. O animal conhecido popularmente como tubarão-boca-grande, de nome científico, Megachasma pelagios,  foi encontrado boiando por pescadores que trabalhavam na região e trazido para a margem na tarde da última segunda-feira (10) em Parnaíba, município a 318 km de Teresina. 

Segundo Geórgia Aragão, doutoranda em Sistemas Costeiros e Oceânicos e pesquisadora do IPIPEA, esta é a primeira vez que é registrada a aparição desta espécie no Piauí. No mundo inteiro, pouquíssimos animais já foram vistos. "Para se ter uma ideia da raridade deste animal, em 2016 houveram somente 68 registros de captura e avistagem em todo o mundo", pontua a pesquisadora.
A aparição do animal acende um sinal de alerta para o possível desequilíbrio ambiental na região. "Há várias hipóteses que precisam ser analisadas, mas trata-se de um animal raríssimo, e de profundidade. Sua morte pode ser algo relacionado a interação pesqueira ou mesmo a uma patologia do animal", explica a especialista.

O tubarão-boca-grande é um filtrador assim como o tubarão baleia e não possui dentes como ouros grandes tubarões. Ele se alimenta de planctons e medusas e nada sempre com a boca aberta. O animal encontrado no litoral tinha marcas de mordida de tubarão chaturo e parecia fresco, levando a crer que sua morte era recente. 
"O animal foi pego, tiraram fotos, mediram e dividiram entre os pescadores. Não há barreiras para a pesca da espécie, mas preocupa os pesquisadores por ser rara e um importante objeto de pesquisa", lamenta Geórgia.

A pesquisadora alerta ainda para a hipótese do animal ter sido capturado através da pesca de arrasto de fundo ou com uso de espinheis em águas oceânicas, mas não foram encontradas marcas no animal. O Ibama, a Capitania dos Portos e a Polícia Federal, fiscalizam a pesca no litoral do Piauí.

Boca-grande, o tubarão das profundezas
Podendo atingir 5 metros de comprimento, o tubarão-boca-grande vive nas profundezas do oceano e raramente é visto ou filmado por humanos. Pouco se sabe sobre a espécie, descoberta somente em 1976 - quando um tubarão-boca-grande foi acidentalmente arrastado por um navio de pesquisa perto da costa do Havaí.

Desde então, apenas algumas dezenas de tubarões do tipo foram avistados pelo mundo. Eles nadam com suas enormes bocas abertas, em busca de plâncton e águas-vivas.

Em maio de 2017, mais um espécime foi visto no oceano Pacífico, desta vez por pescadores perto da costa de Tóquio, no Japão. Acredita-se que a fêmea tenha subido à superfície para se alimentar. Ela foi encontrada viva em uma rede de pesca, mas não sobreviveu.

Rayldo Pereira/Cidade Verde | Edição: Jornal da Parnaíba

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