Por Apoliana Oliveira
Um trágico incêndio, cujas causas ainda não foram confirmadas, destruiu mais de 200 barracos no Assentamento Oito de Março, localizado no Povoado Chapadinha, zona Rural de Teresina. O fogo consumiu tudo muito rapidamente, por volta de 12h. Uma menina de 2 anos, que residia com a mãe próximo ao local onde começou o incêndio, não conseguiu escapar e morreu carbonizada.
Amigas da mãe da criança, em conversa com o 180graus, contaram que a jovem está abalada e se culpa pelo ocorrido. Segundo elas, a mulher já havia tirado os dois filhos de dentro do barraco, quando viu as chamas se aproximando de sua residência. Mas precisou voltar para pegar os documentos, já que nesta semana iria formalizar demandas como beneficiária do Bolsa Família.
A menina, de nome Eloá de Sousa Vitória, entrou novamente na casa sem que a mãe visse, e com medo se escondeu entre a cama e o fogão, coberta com um pano. “Quando ela voltou, a criança voltou junto, e ela não viu, não percebeu. E no lugar da criança sair junto com ela, imagine, criança pequena, não tem noção [dos riscos], ela pegou um pano e se enrolou, e ficou entre a cama e o fogão. O outro [filho] era grande e correu. Ela achou que o menino grande tinha levado a pequena, e saiu. Quando ela percebeu, o fogo já tinha pego tudo”, relata.
E foi justamente onde os restos mortais da criança foram encontrados. O corpinho encolhido, ao lado do fogão. Cena que chocou os moradores do assentamento, ao acompanharem o trabalho da perícia.
O que provocou o incêndio ainda é incerto, mas os moradores contam que as chamas foram inicialmente avistadas em um barraco próximo ao de onde morava a menina.
A dona de casa Rosilda, uma das centenas de assentados que perderam tudo no incêndio, relatou o sofrimento de Elane de Sousa, mãe da menina. “Nós ajudando, e a mãe dela gritando. A mãe dela gritava, mulher, mas não dava para entrar. E nós tentando ajudar outras casas, jogando água, esfriando as outras casas, mas não deu jeito. E quando lá não deu jeito, nós corremos pra da gente”, conta.
No momento do incêndio, que em cerca de meia hora havia destruído quase todas as casas, muita gente estava almoçando. “A comadre correu foi com o prato de comida na mão, me deu o prato de comida, e eu dei pra outra pessoa, não sei nem quem foi. E nós pegando água, jogando água, mas o vento estava demais, parece assim, Deus mandando um castigo”, conta dona Rosilda.
Um homem também precisou de atendimento e foi levado para o Hospital com suspeita de fratura na clavícula, depois de ter sido atingido pela viga de um dos barracos.
O Corpo de Bombeiros esteve no local com duas viaturas, mas os trabalhos se concentraram em impedir que o fogo avançasse nas áreas de mata.
CAMPANHA PARA AJUDAR AS FAMÍLIAS
O assentamento tem quase dois anos. Muitas famílias têm a quem socorrer, mas a grande maioria deve dormir ao relento nesta noite. Algumas moradias que ainda restaram serão usadas como apoio aos assentados. Diante da tragédia, o Movimento Sem Terra no Piauí realiza agora uma grande campanha de mobilização em apoio às vítimas. Além de alimentação, roupa e calçados, as famílias precisam de colchões, cobertores, medicamentos, e qualquer outro tipo de ajuda para que possam reconstruir a vida.
Doações podem ser feitas no Conjunto Redenção, Quadra I, Casa 11 (Referência: Segunda rua por trás do Lord Hotel), ou diretamente às famílias no local, cujo acesso é pela BR-316, altura do Km 22, ao lado da Unidade Escolar Manoel Nogueira Lima. Informações através do telefone 3218-3935.
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