segunda-feira, 4 de janeiro de 2016

SOS Atlântica apoia a sustentabilidade na APA Delta do Parnaíba


O projeto Ilha Sustentável, realizado pela Comissão Ilha Ativa em parceria com a Universidade Federal do Piauí com o apoio da Fundação SOS Mata Atlântica, gera ocupação e renda para agroextrativistas através do incentivo a produção e comercialização de produtos da agrobiodiversidade da Ilha Grande de Santa Isabel.
A Ilha Grande de Santa Isabel está situada ao norte do estado do Piauí, totalmente inserida na APA Delta do Parnaíba. É a maior ilha do Delta do Parnaíba, seu território é composto por ambientes de mata nativa, contendo áreas com vegetação típica dos biomas de cerrado (caju) e de caatinga (extensos carnaubais), além de ambientes marinho, manguezais, restinga e estuário. Diante dessa diversidade, desde 2007 luta-se pela criação de uma unidade de conservação em parte de seu território (RESEX Cajuí), visando conservar os recursos naturais e o modo de vida de sua população.
Como estratégia de apropriação do território, ainda em 2012, a Comissão Ilha Ativa inicia um trabalho de incentivo as comunidades tradicionais a realizar atividades econômicas que gerem renda enquanto conserva sua biodiversidade, primeiro com a implantação de quintais produtivos e assessoria técnica a grupos produtivos (Projeto Ilha Verde), resultando na implantação da FAPAF – Feira de Artesanato e Produtos da Agricultura Familiar, realizada no estacionamento da UESPI, todas as terças-feiras. E mais recentemente com a implantação de unidade de beneficiamento de frutas no município de Ilha Grande.
A unidade de beneficiamento trabalha ainda de forma artesanal, mas tem buscado profissionalizar as agroextrativistas que participam do projeto através de capacitações voltadas para a produção de diversos doces a base de frutas nativas ou produzidas nos quintais produtivos, além de boas práticas no beneficiamento e gestão para que possam autogerir seus negócios.
“A unidade de beneficiamento está proporcionando incremento na renda de agroextrativistas, pois agora estão agregando valor aos produtos que extraem da biodiversidade local ou que produzem em seus quintais, pois antes eram comercializados apenas na forma in natura”, esclarece Fátima Crespo, professora da UFPI e coordenadora do projeto.
As mulheres sempre desenvolveram atividades extrativistas como a cata de marisco e de frutos nativos (cajuí, murici, guajiru). Daí a importância de uma unidade de beneficiamento para agregar valor aos produtos fruto desse trabalho, melhorando a renda.
O grupo que participa do beneficiamento é formado por 12 mulheres de diferentes idades e comunidades do território, Cal, Baixão, Tatus e São Vicente de Paula. O beneficiamento dos frutos tem gerado renda não apenas para o grupo produtivo, mas também para extrativistas de outras comunidades que estão fornecendo os frutos.
Os primeiros resultados já são contabilizados, a exemplo do aproveitamento da safra do cajuí que foi transformado em compotas e pastas, além de outas frutas dos quintais como mamão, coco, goiaba e carambola. Os produtos começaram a adquirir identidade com a confecção dos rótulos e a participação de espaços solidários de comercialização por elas organizados, além da FAPAF.
Esses espaços coletivos de produção e de comercialização têm elevado a autoestima dessas mulheres, fato que pode ser observado no momento da comercialização direta com os consumidores e ao tomarem as decisões sobre a produção e o beneficiamento de novos produtos.
“Esses ambientes, tanto das feiras como da unidade de beneficiamento, são de solidariedade entre elas e felicidade, em que cada uma vende o produto de todas, compartilham os mais diversos conhecimentos, e sempre com um sorriso no rosto”, finaliza Fátima.

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