sexta-feira, 2 de maio de 2014

ENTREVISTA: “Wilson critica obras do PAC, mas foi ele o coordenador”, diz João Vicente

Em entrevista, exclusiva, ao portal Teresina Diário, o senador piauiense João Vicente Claudino (PTB), fez um balanço da atual conjuntura política estadual e nacional, e ressaltou que acredita que a chapa liderada pelo pré-candidato a governador Wellington Dias (PT-PI) pode conquistar partidos da base, insatisfeitos com o governo.  “Não temos o que perder, só temos o que somar. 
Fizeram uma chapa muito grande, com tudo, inclusive é uma chapa política ecumênica porque tem os três candidatos à presidência da República. Eu não sei como é que o eleitor vai diferenciar quem é melhor, quem fala o que, porque no momento que se elogiar um, vai ter que criticar o outro candidato à presidente, dizer que o outro não presta. E como funciona isso dentro de um discurso, dentro de uma chapa? Então, é uma coisa meio parecida com uma Torre de Babel”, avalia João Vicente.

Sobre as críticas que o ex-governador e pré-candidato a senador pelo PSB, Wilson Martins, vem fazendo à chapa encabeçada por Wellington Dias e ao governo federal, João Vicente rebate fazendo questão de lembrar que Wilson era coordenador do Programa de Aceleração do Crescimento (PAC) e foi vice-governador no mandato do governo petista.  “Ele disse que as obras do PAC no Piauí foram mal planejadas, mas ele era o coordenador do PAC, quer dizer, era o interlocutor entre o governo do Estado e o governo federal. Se todas essas obras foram aprovadas, foi com o aval dele. Ele arrotava em todo o Piauí que era o coordenador do PAC, que este era o projeto mais importante do governo Lula e que Lula era o maior presidente e a Dilma era a melhor candidata. E hoje não é?”, questiona João Vicente, criticando a postura política, de ingratidão, do pré-candido a senador, Wilson Martins.

Durante a entrevista, o senador piauiense ainda comenta sobre a atividade parlamentar (2006/2013), ressaltando que, desde 2007 até agora, conseguiu alocar mais de R$ 180 milhões para o Estado, considerando apenas os recursos destinados por meio de emendas individuais e emendas indicadas à bancada do Piauí, sendo que só Teresina foi contemplada com cerca de R$ 60 milhões para investir no desenvolvimento de áreas importantes, como a saúde, educação, esporte, turismo e infraestrutura, sendo R$ 10 milhões destinados apenas para construção do Parque da Cidadania, na Estação Ferroviária da capital. Ele também destaca outros projetos de sua iniciativa, como pedidos de instalação do Instituto Federal do Piauí (IFPI), antigo CEFET, nos municípios de São João do Piauí, Valença, Barras e Esperantina, além do pedido de expansão das Zonas de Processamento de Exportação (ZPE).

Esta é apenas uma da série de entrevistas que o portal Teresina Diário realizará com os pré-candidatos que estão sendo colocamos na disputa eleitoral de 2014, pois o portal está aberto para dialogar com todos os demais pré-candidatos, independente da sigla partidária.


Em relação ao cenário nacional, recentemente veio à tona as denúncias contra o governo federal em relação à Petrobras, assunto este muito discutido no Senado e na Câmara, como o senhor vê essas denúncias?

No ano passado, estourou o problema do metrô de São Paulo e o próprio governo e os partidos da base não quiseram instalar uma CPI para apurar as denúncias, da mesma forma aconteceu em relação ao Porto de Suape (PE), também preferiram não instalar uma CPI para apurar irregularidades na gestão do Porto, que era gerido pelo então governador Eduardo Campos (PSB). 

E a base governista tomou essa atitude, até, talvez, querendo criar um ambiente que não afastasse determinados partidos em função do momento político eleitoral. Depois veio o caso da Petrobrás, e a oposição, no papel dela, que é muito legítimo, pediu a instalação da CPI. Eu não sou contra e o governo tem demonstrado que quer participar, inclusive a própria presidente da Petrobrás já foi ao Senado prestar esclarecimentos. Mas quando o governo pediu, com atraso, a CPI ampla, a oposição chiou, sendo que a Alstom, que é uma empresa envolvida na questão do metrô em São Paulo, também tem contrato com a Petrobrás. Então há situações que são correlatas, dentro de uma apuração. Eu tenho muita preocupação em relação à CPI. 

Desde 2007 que eu estou no Senado e ainda não vi nenhuma CPI chegar a lugar nenhum, tendo em vista que, dentro de um processo investigativo, tem que apresentar algo novo em relação ao que foi descoberto até hoje, pelas investigações policiais e serviços de inteligência. A CPI do Cachoeira, por exemplo, que eu pensei que ia ter um começo, meio e fim, não foi a lugar nenhum. Portanto, tenho medo de, mais uma vez, o Congresso não contribuir em nada. Não sou contra a CPI mas tenho receito de criarmos mais uma expectativa num momento pré-eleitoral, que esta é a motivação maior, e, mais uma vez, não chegar a lugar nenhum e, mais uma vez, o povo achar que toda CPI termina em pizza.

O próprio ex-governador de Pernambuco e pré-candidato a Presidente da República pelo PSB, Eduardo Campos, também faz críticas ao governo federal e na última visita ao Piauí chegou a afirmar que a presidenta Dilma está desfazendo o que Lula construiu. Como o senhor vê essas críticas?

Essa é a parte ruim da política. Como é ele passa 11 anos fazendo parte de um governo, tendo sido Ministro, e o seu partido conduzindo ministérios importantes, pois até o ano passado o PSB conduzia a gestão dos Ministérios da Ciência e Tecnologia e da Integração Nacional, e agora vem com esse discurso? Em 2008, eu mesmo votei a favor de uma medida provisória para o governo federal instalar uma fábrica da Fiat em Goiana (PE). E votei porque o governo pediu que eu votasse e porque eu achava que era importante para melhorar Pernambuco. Além disso, o governo federal instalou todo um pólo farmacoquímico ao redor de Pernambuco, gerando emprego. 

Tem que perguntar ao governo de Pernambuco é sobre as questões da refinaria Abreu e Lima, para que sejam esclarecidas todas as questões orçamentárias que hoje são questionadas, como as denúncias de superfaturamento. É muito legítimo que o Eduardo Campos deseje ser candidato à presidente da República, isso é natural, agora desfazer tudo o que fez, assumir o discurso que tudo tava errado, quando ele fez parte. Em 2010 eu rompi com o então governador Wellington Dias, mas você não me ouviu, e eu desafio se mostram qualquer entrevista, dizer que durante os sete anos e três meses que passei no governo não houve acertos e não foi feito nada de bom. Quer dizer que fui enganado nestes 7 anos? Eu acho que temos uma postura diferente de fazer política.

É a mesma situação em relação ao ex-governador Wilson Martins, que também disputa pelo PSB uma vaga no Senado, quanto às críticas que agora faz ao governo Wellington Dias?

Ele era vice-governador, criticou as obras do PAC no Piauí, dizendo que foram mal planejadas, quando também foi o coordenador do PAC, quer dizer, Wilson era o interlocutor entre o governo do Estado e o governo federal. Se estas obras foram aprovadas foram com o aval dele. Ele arrotava em todo o Piauí que era o coordenador do PAC, que este era o projeto mais importante do governo Lula, que o Lula era o maior presidente, que a Dilma era a melhor candidata, e hoje não é mais? Lamento, este é o lado ruim da política, tem até um político que diz que “a noite da benécia é a véspera da traição”. 

É muito ruim fazer política desse jeito. Eu não faço política assim, podemos até questionar pontos, mas sem criticar algo que participamos. O próprio Eduardo Campos, vendo que ainda não tem visibilidade no sul e sudeste, deixou Pernambuco, 15 dias atrás, e alugou uma casa em São Paulo para morar e ver se tem visibilidade. As próprias pesquisas realizadas hoje em Pernambuco apontam que ele não tem uma vitória sobre a Dilma no Estado. E o candidato a governador dele, que é um ex-secretário de Fazenda, está com 35 pontos atrás do senador Armando Monteiro, que está liderando as pesquisas. Portanto, o Eduardo Campos não representa este paraíso da gestão como foi colocado.  

E a grande maioria das obras que foram feitas em Pernambuco deve-se ao governo federal. Ele teve a sorte de ser governador na época que o país era administrado por um presidente Pernambucano, que é o Lula, e depois veio a presidenta Dilma e continuou. A gente tem fazer política colocando nossos pontos de vista de uma maneira muito clara, discordando de pontos e dizendo que vai fazer um governo diferente, é algo muito natural, agora dizer que tudo o que foi feito para trás tava errado, e que nada deu certo, inclusive naquilo que ele participou? O ex-ministro Fernando Bezerra pegou o Orçamento do Ministério da Integração Nacional e destinou quase 70% dos recursos para Pernambuco, inclusive, agora ele é candidato a senador. Será que nada disso valeu?

Em relação ao trabalho desenvolvido pela bancada federal, o deputado estadual Evaldo Gomes (PTC) fez uma crítica afirmando que a bancada do Piauí não se esforçava para resolver o problema da Eletrobrás-Pi. Como o Sr. avalia essa crítica, já que era coordenador da bancada federal, antes do senador Ciro Nogueira assumir o cargo? Por que é tão difícil resolver.

A situação da Eletrobrás, em especial da Eletrobrás-PI, é preocupante. Ainda temos no Brasil uma capacidade de investimento no setor de energia elétrica muito comprometida, principalmente se considerarmos que o país precisa cada vez mais melhorar esse setor, mas não vamos só culpar os oito anos de Lula ou de Dilma. Antes, ainda no governo Fernando Henrique, tivemos a privatização da Cepisa, quando não conseguimos nem ter a nossa empresa de energia dentro do mercado para ser privatizada. Vimos a Cepisa, que é um patrimônio estadual, ser vendida e fatiada para pagar folha de pagamento no Estado do Piauí. 

Vimos vender parte das ações desta empresa para pagar 13º salário, porque o governo estadual não tinha dinheiro para pagar. Isso é um escândalo. Outras companhias, de eletricidade, de água e outras estatais estaduais, como o Banco do Estado do Piauí (BEP), foram privatizadas, mas esse dinheiro da venda foi colocado numa poupança pública para que fosse investido em infraestrutura. Por outro lado, não tivemos nenhum real da privatização da Cepisa investido na melhoria da infraestrutura do Estado, foi tudo para custeio público. Então, já começou lá atrás esse problema, agora é que esse modelo de energia no país vem sendo renovado, mas não se gera energia do noite para o dia. Temos no Brasil uma queda de braço imensa para se instalar hidroelétrica, não se consegue construir uma hidroelétrica no Brasil em menos de 30 anos devido às ações do Meio Ambiente e do Ministério Público. 

Isso é preocupante porque nos próximos 15 anos o Brasil vai ter que gerar 120 mil megawatts, o que só conseguiu fazer em 150 anos. Então, a cada ano temos que gerar energia por 10 anos passados. A reclamação é correta, precisamos ter uma energia de qualidade, o Piauí está atrasado, nós temos sofrido muito, agora não vamos reclamar só da bancada, da mesma maneira que eu não vou reclamar que os 30 deputados estaduais eram do governo nos últimos quatro anos. Não é por aí que se faz política, esta é uma preocupação que tem que ser de todos e temos que cobrar, da bancada federal, da bancada estadual, dos governos, federal e estadual, além disso, as entidades também têm que se pronunciar para ampliar esse côro, a exemplo do que tem feito alguns sindicados, como o Sinduscon, a Associação Industrial, e a Fiepi, para que tenhamos uma ação da sociedade piauiense. 

A questão da energia é gravíssima, como a questão da água em Teresina e em outros municípios do Piauí também é gravíssima, temos bairros em Teresina, ainda hoje, que não tem água. Tivermos na campanha de 2012 algo inexplicável, às vésperas do primeiro turno e do segundo turno das eleições municipais, Teresina ficou 70% da cidade sem água, e até hoje não soubemos dar explicação sobre isso. Uma coisa estranhíssima, parece que foi o ET (Extraterrestre) que desligou o sistema todo. 

Então são coisas assim que a gente tem que ver. Todo mundo tem que reclamar, mas a bancada tem feito a parte dela, agora podemos e devemos fazer mais. Na última audiência que tivemos com o ministro Edson Lobão, ele nos garantiu que a ELETROBRÁS tava pedindo um empréstimo, mas o Tesouro Nacional ainda tem que autorizar, pois há dois anos que a empresa está com um balanço deficitário, sendo que o último apresentou quase R$ 7 bilhões de prejuízos. Nessa reunião, ele garantiu que destinará cerca de R$ 600 milhões deste empréstimo para o Piauí. Agora, acho que temos que discutir não só esses investimentos, mas também a gestão, a maneira como gerir, como administrar esses investimentos. A preocupação é essa, é com o depois.

Como o PTB está se preparando para a próxima eleição? Qual a quantidade de candidatos que pretende lançar e como está ampliando o partido no interior.

Temos hoje diretórios em quase 200 municípios do Piauí, e procuramos, em cada um, dar a cara do PTB porque hoje, dentro da estrutura política partidária eleitoral que tem o Brasil, inclusive tínhamos que ter uma reforma política para modificá-la, temos que começar a ter um DNA próprio, de causas, de bandeiras. Tentamos construir algo parecido com isso, não considerando apenas compromissos políticos, mas os compromissos de ideias, pois isso é muito mais importante dentro da política. Em relação às chapas proporcionais, vamos ter dois ou três candidatos a deputado federal, já temos certo como pré-candidatos o deputado federal Paes Landim, o Dr. Marcos Paranaguá (Diplomata), e devemos ter ainda um ou dois nomes femininos compondo a chapa federal, para lançarmos até quatro pré-candidatos. 

Devemos ainda ter entre 12 a 14 pré-candidatos a deputado estadual. Portanto, a chapa do PTB é uma chapa boa, como nomes importantes: já temos quatro deputados na Assembleia e outros nomes têm se incorporado, como o ex-prefeito Elmano Férrer, o ex-prefeito de Floriano, Joel Rodrigues, a ex-prefeita de Luzilândia, Janaína Marques, o ex-prefeito de Parnaíba, José Hamilton. Portanto, temos nomes bons para oferecer e nomes com capilaridade regional no Estado. Temos tido muito cuidado porque queremos oferecer opções concretas, apresentando o nome de pessoas que queiram levar sua experiência de gestão e de vida política, enfim, queremos oferecer algo de bom, que contribua com uma política diferente dentro do Estado.

E por que o senhor escolheu ficar do lado do senador Wellington Dias na disputa para o governo do Estado, o que o motivou nesta decisão?

Muita gente considera fatos passados como se fossem impedimentos para se unir à determinadas lideranças. Mas eu acho que, até pela estrutura política do Brasil e do Piauí, é natural que a gente tenha esses descompassos ou desencontros políticos. Nós fazemos parte da base da presidenta Dilma, assim como fizemos no segundo mandato do ex-presidente Lula, conhecemos bem o senador Wellington Dias e sempre nos identificamos muito bem com o trabalho dele. Como já afirmei antes, participei e ajudei a construir este governo e fizemos obras importantes. 

Além disso, posso cobrar do senador Wellington Dias, do senador Ciro Nogueira, e de mim mesmo, que tenhamos a opção de uma chapa, neste momento pré-eleitoral, que ofereça um outro momento, uma outra perspectiva de Estado, e um outro estilo de gestão. Tudo evolui, a sociedade se modifica na sua essência, e ela cobra, e tem cobrado mais. Então temos que oferecer um novo plano de governo, dar idéias, para que possamos, efetivamente, alavancar e impulsionar este Estado a desafios maiores. Não podemos nos manter sempre dentro dos últimos lugares de determinados índices do Brasil. Temos condições de fazer e podemos fazer mais. 

E eu me identifico muito com o senador Wellington Dias, nessa perspectiva. Além disso, é o próprio sentimento expressado no partido, após conversamos com todas as lideranças do partido, principalmente com aqueles que vão disputar as eleições, todos têm o mesmo sentimento, acham que o Wellington descentralizou o governo, ele deixa os secretários trabalharem, produzirem, sabe escutar, sabe dar a cada um a responsabilidade necessária da sua gestão. O governo não é como um rei monárquico, que controla, centraliza tudo e dali o governador é o Estado, é o gestor, é tudo. Eu acho que tem que ser uma coisa compartilhada e dividida, inclusive os sucessos e insucessos do governo.

E o senhor acredita que outros partidos, inclusive da base do governo podem ainda somar nessa coligação apoiada pelo seu partido e liderada pelo senador Wellington Dias?

No momento em que esse ano se precipitou a formação de uma chapa da base sim, pois no dia 02 de janeiro o outro lado já tinha a formação completa de uma chapa de governo, onde dali não entra mais ninguém, o time tava fechado, quem quiser vir vai ficar na periferia do entendimento político. Eu digo até que talvez tenha sido o efeito da ressaca do Réveillon que tenha estimulado a formação dessa chapa. Foi muito rápido tudo isso. Enquanto do nosso lado, tivemos um entendimento e formamos um grupo, onde o PT, o PP e o PTB assumiram determinados posicionamentos, sem fecharmos uma chapa. Portanto, entendo que daqui até 30 de junho, quando temos, realmente, a certeza de um quadro político no Piauí, quem pode perder é a chapa do governo. 

Nós não temos o que perder, só temos o que somar. Eles fizeram uma chapa muito grande, com tudo, inclusive é uma chapa política ecumênica porque tem três candidatos a presidente da República. Eu não sei como é que o eleitor vai diferenciar quem é melhor, quem fala o que, porque no momento que você elogia um, você vai ter que criticar o outro candidato à presidente, dizer que aquele outro não presta. 

E como isso funciona dentro de um discurso, dentro de uma chapa? Então é uma coisa meio parecida com uma Torre de Babel, onde todo mundo começou a construir uma torre com a mesma língua, mas depois veio Deus e deu a cada um uma língua diferente, e as pessoas não se entenderam mais. Então, é uma coisa meio difícil de se administrar. Mas nós temos que caminhar com muito pé no chão, com muito equilíbrio, sem açodamento, fazendo uma política sensata, visando o bom entendimento dos políticos, para que esse bom entendimento dos políticos ajude o Estado e não os políticos. O que desejamos é que esse bom entendimento dos políticos ajude o Estado. É assim, com este sentimento que estamos caminhando.

O Sr. já tem essa experiência como senador, o que o motiva para disputar novamente uma vaga no Senado?

Quebrando uma tradição até familiar e de estrutura política arraigada no Estado do Piauí, que vem sendo construída por famílias e para que os descendentes desta família continuem na representação dos quadros políticos do Estado, fomos motivados a entrar na política desde quando assumi a secretaria de Indústria e Comércio do Estado. Viu nessa experiência executiva, de 1995 a 1998, que o Piauí precisa de uma participação ainda mais efetiva de outros segmentos sociais na política, seja empresarial ou de outros profissionais, que tivessem uma outra visão, fora do ambiente político, para que pudessem dar essa contribuição na missão política. Então, isso foi o que me motivou a apresentar em 2006 meu nome para disputa no Senado, e, consequentemente, procurar levar um pouco da nossa experiência administrativa de gestão privada, de um ritmo e de uma dinâmica diferente, para o campo político.

E o que essa experiência no Senado Federal lhe trouxe como ensinamento?

É uma experiência rica, apesar do Legislativo ter um ritmo muito dependente da ação do Executivo. Na atual estrutura política do Brasil, temos que aprender a conviver e estar mais lincado com esse ritmo de poder de decisão no Brasil, que ainda é lento. Tanto é que as manifestações de junho do ano passado cobraram da classe política nacional esse ritmo mais resoluto dos problemas nacionais. Então, isso fez até com que o Congresso Nacional assumisse uma postura um pouco mais diferente, tanto o Senado quanto a Câmara, para dar estas respostas. Mas ainda oferecemos poucas respostas. Portanto, o meu sentimento é de continuar servindo ao Estado do Piauí nessa missão. 

Nunca pretendi e nem quero ser um político profissional, que é aquele político, conforme o jargão, que acha que a política só tem uma porta, que é de entrada, e não tem a porta de saída. Eu vejo a política como uma missão, que é a missão de servir ao Estado, às aspirações maiores do seu povo. Portanto, existe o momento de entrar e temos que saber o momento de encerra a nossa contribuição para deixar que outras lideranças possam oxigenar a política e levem experiências e sentimentos novos à política brasileira, em especial, ao Estado do Piauí. 

O que continua me motivando é saber que temos dentro da política uma opção importante para que esse Estado cresça, e que são as decisões políticas que farão do Piauí um Estado melhor, com mais perspectiva de desenvolvimento, com mais capacidade de gerar riqueza, emprego e renda para o povo, porque, afinal de contas, temos um Estado rico, os índices não demonstram isso, mas eu falo do que está latente, pronto para que um governo de decisões efetivas possa transformar todo esse potencial em realidade. E vamos fazer do Piauí um Estado rico. E é esta decisão política responsável que desejamos, compromissada com o nosso Estado, bem planejada, que sabe como e onde devemos começar e até onde queremos levar o Piauí. Aí sim vamos, através dessa ação responsável, ter um Estado diferente do que é hoje.

E nesse período, de 2007 para cá, quais os projetos de sua autoria o senhor destacaria como importantes para o Piauí?

Hoje, o ritmo da estrutura legislativa, sobretudo do Senado, ainda é muito falho. A Constituinte de 1988 formou uma Constituição para o parlamentarismo, mas no final de todo processo fez um plebiscito para saber da população brasileira qual o regime de governo queria, se ela queria o presidencialismo, o parlamentarismo ou a monarquia, e o presidencialismo venceu. Então, temos uma Constituição híbrida, parlamentarista mas com um regime efetivo presidencialista, onde o governo ainda é o maior legislador, que produz leis, principalmente por meio das medidas provisórias. 

É uma total incoerência. Eu mesmo apresentei projetos na comissão de Direito do Consumidor que o governo pinçou e colocou dentro de uma medida provisória que foi aprovada, como, por exemplo, a que acabou com os registros de alienação fiduciária de veículos no Detran, junto à cartórios públicos. E ainda apresentamos projetos que têm uma tramitação mais direta, a exemplo dos que foram colocados na Comissão de Educação, onde pedimos a instalação do IFPI para os municípios de São João do Piauí, Valença, Barras e Esperantina. Pedimos também a ampliação das estruturas de ZPE´s, mas infelizmente não conseguimos ainda nem efetivar a de Parnaíba, pois o Brasil ainda não entendeu que pode ser um instrumento de desenvolvimento econômico. 

E temos projetos que mesmo tramitado e mesma que seja reeleito talvez não consiga ver tramitar nas duas casas, considerando, principalmente, o ritmo da Câmara que é bem mais lento. E a gente procura ainda dar resposta, que é às vezes é o que tem mais visibilidade, na transferência de recursos através de emendas. Alocamos recursos para mais de 170 municípios do Piauí, e se incluirmos 2014 beneficiamos mais de 180 municípios do Estado, destinando recursos para investimentos na melhoria da infraestrutura destes municípios.
Teresina Diário

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