“Deixa o pau cantar!” O brado, em tom de piada, logo após uma gargalhada sonora, do governador Wilson Martins, neste sábado (29), se deu durante a passagem de sua comitiva pela cidade de Amarante.
Kelston Lages precisa estar atento para evitar campanha antecipada |
Embora a agenda oficial do governante indicasse a participação dele, em solenidade de inauguração do contorno rodoviário da cidade – obra do Departamento de Estradas de Rodagem (DER) –, o clima era de verdadeiro comício. O governador passou mais de três minutos tentando iniciar seu discurso, sem sucesso, impedido pela saraivada de fogos de artifício.
O foguetório fora encomendado pelo prefeito de Amarante, Luiz Neto Alves de Sousa, acusado de compra de voto por meio de benefícios assistenciais e doações de lotes de terrenos na localidade Novo Amarante.
O processo contra o prefeito está prestes a ser julgado no Tribunal Regional Eleitoral (TRE), onde são consideráveis as chances de cassação do respectivo mandato. Todavia, sem conseguir anunciar os nomes dos políticos presentes à solenidade, tamanha era a quantidade de fogos, Wilson Martins pediu então para que o prefeito deixasse o “pau cantar”.
Esta cena entraria para o anedotário do cotidiano político no interior, mas se parece muito com campanha eleitoral extemporânea, reunindo ao mesmo tempo vários elementos característicos, como fogos, batucada, palanque e muitos políticos reunidos.
Seria de bom alvitre que o Ministério Público Federal (MPE) e seu procurador regional eleitoral, Kelston Lages – tão preocupados com o problema do financiamento de campanha –, intensificassem a fiscalização sobre o que está acontecendo no interior, onde, para muitos, a campanha eleitoral já começou, e é aberta.
Movimentos do governador
Episódios como o de Amarante estão acontecendo em várias cidades, onde é crescente o aparato oficial, público, em torno do governador, pré-candidato a senador nas próximas eleições. Com Wilson Martins há sempre uma comitiva numerosa, que inclui dezenas de servidores públicos estaduais, comissionados ou não, recebendo mais ou menos diárias, em carros oficiais ou alugados, gastando milhares e milhares de tanques de combustível, etc. Isso seria mais um motivo para que se redobrasse a fiscalização, por parte do MPE, em torno dos movimentos do governador.
O Palácio de Karnak alegaria que se trata da popularidade de Wilson, supostamente em alta pelo interior. Entretanto, refletindo sobre o que ele realizou – ou deixou de realizar –, em seus quatro anos de governo, especialmente no interior, perguntar-se-ia se há tanto motivo para comemorações efusivas. Há tanta aprovação assim, em relação ao governo? O MPE precisa acompanhar Wilson – e também os outros pré-candidatos – no sentido de coibir o cometimento de ilegalidades, como fazer campanha antes do prazo legal. Um peso e uma medida para todos.
Por: Sérgio Fontenele do Capital Teresina
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