O Delta do Parnaíba, na divisa do Piauí com o Maranhão, é para ser conhecido de avião e de barco. São suas viagens complementares. Na viagem de avião se pode conhecer o delta que se forma quando o rio Parnaíba desemboca no Oceano Atlântico.
São curvas inusitadas, Ilhas formando figuras como cabeças de pássaros, coração, florestas virgens, pescadores e catadores de caranguejo se movimentando em canoas e barcos com camisas de mangas longas para proteção contra os penetrantes e fortes raios de sol presentes durante todo o ano.
No passeio aéreo fica claro quando o rio Parnaíba, que separa o Piauí do Maranhão, desemboca no Oceano Atlântico. As águas do rio Parnaíba chegam no Delta com uma cor amarela e doce e as águas do Oceano Atlântico são de um azul profundo. Até que as águas se misturem, essa união não é pacífica e calma. Durante a união das águas surgem ondas e marolas e quando não estão efetivamente misturadas ficam salobras e de um tom acizentado ou de um azul brando.
A visão panorâmica do Delta do Parnaíba é de um paraíso ainda intocado pela ação humana, um ecossistema , que tem ainda influência da vegetação amazônica.
Esta visão panorâmica permite ver que o Delta do Parnaíba possui 73 ilhas e tem o formato de um triângulo. Essa é a forma do delta, a quarta letra do alfabeto grego.
O que torna o Delta do Parnaíba é o de ser o único do mundo em mar aberto.
A foz do rio Parnaíba, em forma de delta, que se divide em cinco ramificações ou braços.
Existem outros rios com foz em forma de delta.É o caso do Mississipi, nos Estados Unidos, que tem a forma de delta, mas deságua em mar fechado, no Golfo do México.
São os casos de outros rios com o da foz do rio Nilo, na África, e a do Mekong, na Ásia.
Os demais rios oceânicos desembocam direto no mar e, a exemplo do Rio Amazonas, formam estuários e não têm o formato de delta.
Um dos pioneiros na oferta de pacotes turísticos para o Delta, Edilson Morais Brito, disse que o Delta do Parnaíba foi descoberto, em 1571, pelo português Nicolau de Resende, que foi salvo do naufrágio pelos índios tremembés, com quem ficou 16 anos tentando resgatar a carga, que dizia ser valiosa.
Para se conhecer melhor as belezas do Delta do Parnaíba o passeio do barco ou lancha é fundamental.
Os passeios são iniciados no Porto dos Tatus, no município de Ilha Grande, do litoral do Piauí, pela manhã e ocorre no final do entardecer, depois de uma viagem de 12 quilômetros de ida e 12 quilômetros de volta da foz do Parnaíba.
O Porto dos Tatus já é uma atração porque os pescadores levam para o local caranguejos, que são vendidos para atravessadores abastecerem o mercado do Piauí e do Ceará, peixes e mariscos. Os caranguejos são vendidos amarrados em cordas feitas de palha de palmeira e os mariscos levados em grandes baldes.
O passeio começa com o barco entrando nos igarapés, que são braços estreitos dos rios cercados por grandes árvores, plantas aquáticas como a aninga, que tem uma bela flor parecida com o antúrio, e protege da erosão as margens do rio Parnaíba, e o mangue. As raízes do mangue são respiratórias e ficam expostas formando um belo arranjo vegetal, formando um emaranhado de raízes.
Nas margens dos igarapés podem ser vistos iguanas se escondendo na vegetação; jacarés; macacos; caranguejos que ficam na lama em busca de alimentos; e muitos pássaros que dão voos rasantes.
Adriano Cardoso dos Santos, guia turístico,disse que o Igarapé dos Periquitos, um dos primeiros visitados durante a viagem até a foz do Parnaíba, tem plantas como o jiquiri, habitat dos camaleões.
“Os caranguejos saem para se alimentar nas margens do igarapé”, declarou Adriano Cardoso dos Santos, de 21 anos, filho de catadores de caranguejos, atividade que começou com dez anos de idade.
As dunas ao longo do Delta do Parnaíba é um espetáculo a parte. Entre as dunas, sempre com areias se movendo de um lado para o outro, ficam águas das chuvas que adquirem cores verde e azul.
A vida é abundante nas dunas. São nas Dunas do Delta, no lado do Piauí, onde vive a corujinha do Delta, que fica em cima das dunas ou sobre sambaquis,locais onde os antigos povos do Delta morava e onde são encontrados muitas cascas de mariscos e pedaços de cerâmica.
A coruja fêmea põe seus ovos e fica de prontidão acompanhando o nascimento e crescimento de seus filhos. Se percebe que os filhotes podem ser ameaçados, a coruja chega a fazer voos rasantes para atacar as pessoas.
Nas dunas na Bacia dos Potros, lagoas se formam entre as grandes concentrações de areia. É um conjunto de dunas que guarda muita semelhança com as do Parque Nacional dos Lençóis Maranhenses.
As dunas, formadas na região em que as águas do rio Parnaíba se encontram com o Oceano Atlântico, chegam a atingir 40 metros de altura.
Na Bacia dos Potros as lagoas que se formam entre as dunas têm grande extensão e ao lado das dunas fica o oceano Atlântico, com suas calmas ondas na região.
Quando a maré baixa, os siris tomam conta de águas límpidas para se alimentar e esperar a nova enchente das marés.
Durante a viagem, é possível ver mangue vermelho que teve seus galhos e tronco deitados nos igarapés impedindo a passagem dos barcos.
Por toda a viagem, muitas árvores ficam no meio das águas que correm pelos igarapés, onde ficam os pescadores em suas canoas usando redes, linha e tarrafas para pegar os peixes garantindo a proteína para suas famílias e também para vender.
O delta do rio Parnaíba parece o desenho da palma da mão porque é dividido em cinco canais, que desembocam no Oceano Atlântico por cinco bocas.
As cinco bocas do Delta do Parnaíba, no sentido oeste leste, são as barras chamadas Tutóia , Melâncieira ou Carrapato, Caju, Canárias, no lado do Maranhão e a barra do rio Igaraçu, que desemboca no município piauiense de Luis Correia, próximo ao porto marítimo de Amarração, que ainda está em construção.
A área total do Delta do Parnaíba é estimada em 2.700 quilômetros quadrados. Distribuída de forma retangular, a área tem 90 quilômetros por 30 quilômetros de largura, onde estão os igarapés, os mangues e as ilhas.
Entre as 73 ilhas do Delta do Parnaíba estão as ilhas Grande do Paulino, Caju, Canárias e Santa Isabel, ocupam cerca de 80 mil e são dezesseis vezes maiores que a zona urbana de Teresina. Estima se que 35% do Delta do Parnaíba estão em território piauiense. Os outros 65%, no Maranhão.
O portal do Delta do Parnaíba (345 km de Teresina) fica no Piauí pelas cidades de Parnaíba e Ilha Grande.
Nos igarapés, tinguás, garças. mergulhões, outras aves e borboletas azuis e pintadas passam com grande freqüência.
Na Bacia das Canárias, onde ocorre o encontro das águas do rio Parnaíba com o Oceano Atlântico, existe uma ilha muito habitada e que tem três pousadas. No final da tarde, os pescadores começam a chegar após um longo dia de trabalho e deixam suas canoas na praia até o dia seguinte, quando repetirão a luta pela sobrevivência no Delta do Parnaíba.
Pescadoras do Delta do Parnaíba usam celulares e jovem casal se beija durante a pesca
Pouco antes de pescar um baiacu bola, que incha quando tocado na barriga, que possui veneno em glândula e é peixe muito caro e raro no Japão, a pescadora Maria Odelita contou que leva em seu barco, compartilhado pelas irmãs Maria de Jesus Nascimento e Conceição do Nascimento, telefone celular e rádio para não ficarem sem comunicação enquanto pescam em uma boca do rio Parnaíba, onde são pescados peixes da água doce e de água salgada.
“Somos chiques, não ficamos sem informação e estamos ligadas às nossas casas”, afirmou Conceição Nascimento, que tinha acabado de pescar com anzol e linha um pacamão, que tem uma aparência terrível, mas que tem compradores.
“Eu não como pacamão, mas a gente vende fácil para outras pessoas”, disse Conceição Nascimento. “Eu como o pacamão . Ele é muito bom no leite de coco”, falou Maria Odelita.
Duas das pescadoras são aposentadas, mas Maria de Jesus, apesar de ter a idade certa para aposentadoria não conseguiu o benefício por não ter contribuído para a Colônia de Pesca.
“Nós aprendemos a pescar com os nossos pais. Eu me aposentei, mas vou continuar pescando para ajudar nas nossas despesas”, falou Conceição Nascimento.
O trio de pescadoras consegui pescar mandi, pacamão e vários bagres.
Não é uma vida fácil. Maria Odelita se feriu quando foi abrir a garganta do baiacu para retirar a sua linha e anzol que o peixe tinha engolido.
No Delta do Parnaíba muitas são as mulheres pescadoras, que trabalham sozinhas ou acompanham seus maridos durante a pesca ficando na proa, mas também pescando.
“Fui eu quem pescou a arraia”, falou, orgulhosa,a pescadora Rosilene do Nascimento, que acompanha o marido Francisco das Chagas na pesca feita em uma canoa.
“Estamos conseguindo pegar alguns peixes. A arraia que eu pesquei será preparada com leite de coco. A gente tira o couro, corta a arraia em pedaços e faz com leite de coco. É uma comida muito gostosa”, falou Rosilene do Nascimento, que teve 14 filhos com o marido, Francisco das Chagas.
É comum que os casais pesquem juntos em canoas no Delta do Parnaíba
O casal Antônio Luís, de 19 anos, e Josiane Ferreira Sousa, de 21 anos, também trabalha junto em uma canoa.
Ela disse que não consegue pescar robalo e corvina,
Josiane Ferreira diz que em vez de ficar em casa resolveu pescar com Antônio Luis e ajudá-lo.
“Aprendemos a pescar com os nossos pais. E estou sempre aqui para ajudar na canoa, mas também eu pesco”, falou Josiane Ferreira.
”O vento judia muito e ela (Josiane Ferreira) fica na proa para dar equilíbrio à canoa, Estamos sempre juntos, na casa e no rio”, falou Antônio Luis
Para demonstrar que continuam apaixonados em casa e na pesca, Antônio Luis tirou o chapéu e deu um longo e apaixonado beijo em Josiane Ferreira.
Os pescadores do Delta do Parnaíba estão diversificando suas atividades,
Vicente de Paula, o Paulão do Passarinho, ganha dinheiro, vendendo ostras que cultiva nas águas do Delta do Parnaíba.
Ele vende por R$ 10 uma dúzia de ostras, que cultiva na frente de sua casa em tanques, no povoado Passarinho.
A enfermeira do PSF (Programa Saúde da Família) Lina Márcia trabalhava no Rio de Janeiro e resolveu se mudar para trabalhar no mesmo programa do governo federal na Ilha das Canárias, no Delta do Parnaíba,
Gostou tanto que se aposentou e continua morando na Ilha das Canárias e abriu uma pousada com restaurante.
“Estou feliz. Meu filho também veio e se casou com uma nativa e ganhei um neto, o Miguel Costa Keydit”,falou Lina Márcia.
Meionorte.com
Edição: Proparnaiba.com
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