As praias do Piauí quase não aparecem no mapa do Brasil. Localizado no Nordeste do país, o estado é o que tem a menor extensão de costa litorânea: são 66km. Em um primeiro momento, a região pode parecer pouco atrativa.
Mas, em Parnaíba, um dos quatro municípios costeiros piauienses, um detalhe desperta a atenção: o local serve de ponto de partida para o Delta do Parnaíba, o único em mar aberto das Américas e o terceiro maior do mundo. Ao chegar à cidade, as dunas, a vegetação rasteira, o céu azul e o forte calor não deixam dúvidas de que o passeio pode revelar um visual fantástico.
Formado pelo Rio Parnaíba, o delta abre-se em cinco braços, envolvendo mais de 70 ilhas fluviais. Suas águas desembocam no Oceano Atlântico por meio das bocas de Tutoia, Melancieira (ou Carrapato), Caju, Canárias e Igaraçu. O delta abrange não só áreas do Piauí, como também do Maranhão.
O dia começa cedo. Às 8h30, o ponto de encontro é o Porto dos Tatus, de onde saem as embarcações. Lá, os turistas encontram três opções. O passeio tradicional dura aproximadamente sete horas e é feito em barcos com capacidade para 64 passageiros. O custo é de R$ 50 por pessoa, incluindo almoço, frutas e caranguejada.
Quem está em um grupo menor pode alugar um barco regional, para até 12 pessoas, pelo preço médio de R$ 200 (grupo). Para as famílias que querem um passeio no próprio ritmo, uma boa escolha pode ser a lancha, que comporta até cinco pessoas. O preço do tour, nesse caso, varia de R$ 200 a R$ 400, de acordo com a escolha das fozes do Delta.
Na embarcação, a poucos metros de distância do porto, o incrível cenário do litoral do Piauí começa a se desenhar. As cores das dunas contrastam com a vegetação verde escura, o céu azul e as águas de tonalidade marrom do Rio Parnaíba. Mais à frente, a Ilha das Canárias, que reúne pescadores e é repleta de barcos de madeira estacionados na areia, marca a primeira parada. À beira do rio, moradoras lavam roupas em bacias de alumínio sem se inibir com a chegada dosvisitantes.
O passeio segue pelas águas do Parnaíba até a próxima parada, a mais aguardada para a maioria dos viajantes. Na Baía do Feijão Bravo, o barco encosta a centímetros de distância da areia e é possível descer, por meio de uma escada de madeira, sem molhar os pés. A areia batida convida para uma caminhada de menos de 200m rumo ao encontro com o mar.
O vento forte deixa as águas revoltas, mesmo assim, é impossível resistir à experiência de dar um mergulho no oceano separado do rio por apenas alguns metros. A água quente reflete o calor da região, mas diferente de Luiz Correia, também no litoral piauiense, é menos salgada. Um mergulho no rio, antes de retornar ao barco, é boa pedida para tirar o sal do corpo e aguçar a fome.
O almoço é servido em seguida. Chega a hora de experimentar uma comida simples, mas muito saborosa, e observar que a vegetação aos poucos vai mudando. Imponente, com árvores que chegam a 30m de altura, o manguezal começa a rodear a embarcação e o canto dos pássaros anuncia a riquezado ecossistema costeiro.
Além de garças e caranguejos, jacarés, pica-paus, macacos e raposas são comuns na área. A lama negra exala serve de berçário natural para os caranguejos-uçá (típicos da região) e, por conta do forte odor de enxofre, serve como repelente natural
Fonte/Diário de Pernambuco
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