Dois médicos foram presos em Itaqui, no Rio Grande do Sul, por cobrar para fazer partos e cirurgias pelo Sistema Ínico de Saúde (SUS). Os pedidos, ilegais, começaram há pelo menos 13 anos.
A família da dona de casa Amanda Marques teve que fazer uma vaquinha para juntar os R$ 1,5 mil que o médico cobrou para fazer o parto de Lither, considerado de risco. “Foi constatado que o cordão estava enrolado no pescoço e que era perigoso ele enforcar”, diz a mãe.
Uma gravação feita a pedido da Polícia Federal, na Operação Falso Juramento, comprova a ilegalidade. A mulher grávida conversa com o médico para marcar a cesariana. Ela também pede para fazer uma ligadura de trompas.
Neste caso a internação era pelo Sistema Único de Saúde e o procedimento não poderia ser cobrado. A lei também proíbe a realização de ligadura de trompas durante a cesariana. Segundo a investigação, houve casos em que as pacientes não pagaram e os médicos não fizeram as cesarianas.
“Os médicos se negavam a realizar a cesárea. Mulheres sofreram muitos dias e teve casos identificados de recém-nascidos que faleceram e recém-nascidos que tiveram sequelas graves por terem permanecido muito tempo dentro do útero”, diz Ana Gabriela Becker Gomes, delegada da Polícia Federal.
Foram presos os obstetras José Solano de Oliveira e Alfonso Aquim Vargas. A Polícia Federal informou que as cobranças ilegais eram feitas há pelo menos 13 anos e que os médicos podem ter embolsado R$ 1,6 milhão. Eles vão responder por corrupção, estelionato e realização de esterilização cirúrgica ilegal. Um anestesista e uma secretária também foram indiciados.
O diretor do hospital não quis gravar entrevista. Em nota oficial, afirmou que ficou sabendo do caso pela imprensa e que ainda não teve acesso ao inquérito. Ele ressaltou ainda que repudia qualquer procedimento ilegal e está à disposição das investigações.
Pelos corredores do Hospital São Patrício foram colocados cartazes alertando os pacientes de que a cobrança de serviços pelo SUS é irregular. Os advogados dos dois médicos disseram que não vão se manifestar porque ainda não tiveram acesso ao inquérito. Já a Associação Médica do Rio Grande do Sul informou que é contrária à cobrança financeira por parte de médicos que atendem pelo SUS.
Fonte: G1
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